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Delito de Opinião

PCP sensacional

Diogo Noivo, 02.03.18

Roubando, com a merecida vénia, o título de uma maravilhosa série de posts no Malomil, Portugal é sensacional. Não são as praias, nem a gastronomia, nem o clima, nem a História, nem a bola. São as pérolas. Olhando com atenção descobrem-se pérolas raras, preciosidades que, não sendo endémicas, têm no nosso país um brilho especial. Hoje, a concha é o Diário de Notícias e a pérola um artigo de Jorge Cordeiro, distinto militante do PCP.

Logo à cabeça do texto, Jorge Cordeiro diz ao que vem: “A vertigem de elogios, dignos de evocações póstumas, sobre o legado governativo de Passos Coelho deixa antever o pior.” Numa palavra, medo. Para Cordeiro, algo de nefasto se avizinha. Mas medo de quê? De que exista no sistema político nacional um partido que, por razões ideológicas, se recuse a condenar os brutais ataques com armas químicas na Síria? De que exista em Portugal uma força política cuja adesão aos valores e aos princípios de um Estado de Direito Democrático é de tal forma débil que se recusa a censurar as atrocidades cometidas pelo totalitarismo vigente na Coreia do Norte? De que na Assembleia da República tenha assento uma bancada de tal forma dominada pela cegueira ideológica que é incapaz de aprovar um voto de pesar – note-se bem, de pesar – por um dos mais importantes empresários portugueses? De que, perante a calamidade humanitária e o autoritarismo do regime venezuelano, haja em Portugal quem alinhe com Nicolás Maduro? Não. Nada disto. Para Jorge Cordeiro, o problema está num eventual regresso ao “arco da governação” e na manutenção dos “dogmas neoliberais” – críticas a dogmas vindas do PCP é como ter Bruno de Carvalho a queixar-se dos excessos de linguagem no futebol português. Mais preciosa (e rara) que esta pérola só mesmo a normalidade com que, ano após ano, convivemos com este radicalismo.

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