Passos Coelho: Mentiroso compulsivo
Evolução das bolsas de doutoramento em Portugal. Tirado daqui.
Evolução dos artigos publicados em Portugal. Tirado daqui. Encontrado aqui.
E faltava de facto o momento em que ele tinha que vir mentir. Não se trata de spin, não se trata de pintar a realidade, não se trata de apresentar uma realidade imaginada que se espera venha um dia a ser melhor que a realidade real. Trata-se de mentir.
Entre 1998 e 2012, a produção científica portuguesa, em termos de artigos publicados, triplicou. O número de bolsas (de doutoramento) em 1998 era de 763 e em 2012 de 1198. Um aumento de 57%. O pico de bolsas foi em 2007, com 2030 bolsas (aumento de 166% em relação a 1998). Ou seja, no período de 1998-2012, a produção científica triplicou. A atribuição de bolsas aumentou, no máximo, 2 vezes e meia. Não me parece nada mau resultado.
É verdade que Portugal continua atrás dos outros países «com que gostamos de nos comparar» (podem ser escolhidos a dedo, claro, mas aceitemos que estamos atrás de uma Grécia, por exemplo), mas isso não significa que a política falhou: antes pelo contrário, significa que ainda não se avançou o suficiente.
Note-se: eu não discuto neste post os méritos do financiamento público vs financiamento privado. Quem quiser defender que o privado seria mais eficaz pode fazê-lo. Passos Coelho poderia fazê-lo. Mas não, antes preferiu mentir com quantos dentes tem e dizer que mais financiamento não resultou em mais publicações. É mentira pura e dura. Não é política, é mentira.
Já o sabíamos: Passos Coelho é um mentiroso compulsivo além de ser um fanático ideológico sem qualquer ligação com o mundo real (além de ter na minha opinião um enorme défice intelectual). Esta história prova-o. Numa sociedade normal ele não só já não seria primeiro-ministro como nem sequer receberia um emprego como varredor de ruas. O pior insulto que faz aos investigadores portugueses, no entanto, é mesmo o facto de ter uma palavra a dizer no futuro deles.