Padronizados como nunca
Espero num lobby de uma torre de escritórios. À minha frente também esperam três raparigas que, não se conhecendo entre si, parecem coreografadas. Todas seguram o telemóvel, todas com unhas de gel, todas com pestanas postiças, todas com pernas traçadas, cabelos compridos e lisos e dentro da mesma faixa etária. Uma das portas do lobby dá para um gueto de fumadores onde de momento só se avistam homens e então reparo neles. Também com idades aproximadas, em grupos ou separados apresentam-se com fatos semelhantes, os mesmos modelos de sapatos, a mesma barba aparada. É certo que a moda masculina é mais monótona, mas talvez porque todo este cenário é enquadrado por tecnologia (eles também olham obsessivamente para o telemóvel enquanto fumam), ou porque falta um toque de humanidade em tudo isto, parece que estou a vê-los através de um ecrã.