Os rankings
A análise aos rankings das escolas deu o resultado habitual. As escolas privadas estão melhor classificadas. As razões apontadas parecem ser a matéria prima com alunos que à partida poderão ser melhores (mais procura que oferta ajuda à pré-selecção); maior estabilidade do corpo docente; melhores condições nas escolas (com mais dinheiro à partida para investir); uma certa unificação do programa curricular (que vai sendo refinado com o tempo); e a frequente inserção em melhores meios socio-económicos (se bem que não aplicável a todas as privadas). A estes factores acrescentaria outro: tendo mais dinheiro à disposição, as escolas privadas podem atrair os melhores profissionais da área (sejam professores, auxiliares, ou simples técnicos).
Isto demonstra que as escolas privadas continuarão a ter melhores resultados independentemente do que se faça às públicas (os vouchers são na minha opinião um disparate ridículo). As famílias com melhores meios socio-económicos dão frequentemente mais aopio aos filhos nos seus estudos, o que se sabe que melhora os resultados globais. A qualidade base dos professores poderá melhorar, mas é quase impossível alterar significativamente o estrato superior de qualidade (uma melhoria geral de qualidade apenas empurra os valores absolutos para cima, mas a distribuição mantém-se relativamente constante). O facto de terem mais dinheiro à disposição permitirá então às escolas privadas manterem esse pessoal de qualidade e ir renovando frequentemente as condições físicas.
Os dois únicos aspectos em que a escola pública pode ainda reduzir a diferença é numa unificação e estabilidade dos currículos (dava jeito que não se mudassem programas e livros todos os anos) e fim da dança dos professores (que este ministério veio transformar de farsa em tragédia). No resto teremos aquilo que será sempre de esperar: num mundo onde há ensino público e privado, este último terá tendência para ficar melhor classificado nos rankings. Quaisquer conclusões extra que sejam extraídas destas classificações devem ser feitas no sentido de identificar casos problemáticos e casos exemplares. O resto só alimenta ruído.