Os rangers da COVID-19
A intrépida dona da frutaria, onde costumo abastecer-me, esteve desde o começo da pandemia a fazer o seu statement diário. Sempre muito atarefada, movimentava-se na loja sem máscara - enquanto tal foi permitido - e a espalhar olhares de desdém por quem lá passava, devidamente protegido. É claro que com esta atitude levou vários dos seus funcionários a inibirem-se de usar máscara. A balda era tanta que deixei de lá ir. Há dias reparei que tinham a porta fechada e nela colado o aviso: "Encerrados por motivos de COVID-19". Seis infectados, soube entretanto. De uma equipa de 12.
Na tasca perto do escritório, o ambiente que se via da rua era igualmente descontraído, com o dono a aviar copos ao balcão de máscara ao pescoço, a um friso de clientes, na sua maioria idosos, sem protecção. Também fechou. E vão dois.
Há gente que todos os dias se arrisca, mas não tem alternativa. Gente obrigada a deslocar-se em transportes públicos em hora de ponta e pessoal de saúde, entre muitos outros. Estes, que agora estão de molho, tinham. Mas preferiram mostrar ao vírus quem era mais macho. Agora já sabem.