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Delito de Opinião

Os novos censores andam aí (4)

Pedro Correia, 08.02.18

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Amesterdão costumava ser uma das cidades mais libertinas do planeta. Mas os tempos estão difíceis, mesmo onde os costumes libérrimos integram a paisagem urbana. As autoridades municipais decretaram ali a proibição absoluta de fotografar as célebres prostitutas do Bairro Vermelho alegando que esta medida se destina a preservar a "intimidade das trabalhadoras sexuais" expostas em montras bem visíveis a quem passe naquelas ruas.

A partir de Abril, os forasteiros não ficam apenas impedidos de fotografar ou filmar: têm também a obrigação de virar costas aos mais de 400 escaparates, em "sinal de respeito", durante as visitas com guias turísticos, que não poderão integrar mais de 20 pessoas de cada vez. Em caso de prevaricação, o guia arrisca multas entre 190 e 950 euros, vendo revogada a licença para exercer a profissão ao fim de três infracções.

Com tanta norma censória, é caso para perguntar se o bairro manterá a cor.

4 comentários

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    João Pedro Pimenta 08.02.2018

    Se está sujeita a multa não é uma "simples questão de comportamento": trata-se de uma sanção penal, logo de uma censura normativa. Se querem que as pessoas não olhem para as montras, acabem com elas. Senão, que raio estão ali a fazer? Uma montra não serve exactamente para exposição?
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    Luís Lavoura 08.02.2018

    Se querem que as pessoas não olhem para as montras, acabem com elas.

    Não. Há muitas coisas para onde se quer que as pessoas olhem, mas não que fotografem. Peças de teatro, por exemplo. Quadros num museu, outro exemplo.

    O facto de uma coisa estar exposta não significa que seja permitido fotografá-la. É que a coisa está exposta para consumo local, no momento, não para constituir uma recordação.
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    João Pedro Pimenta 09.02.2018

    Leia bem o texto. O problema não é fotografar: as pessoas têm de virar costas. As montras foram criadas para se expor algo (neste caso, alguém), pelo que impedir que se olhe para elas é um contrassenso.
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