Os hereges
Quando oiço por aí falar em "desertor", ou leio palavras como "fugitivo" ou "foragido" a propósito de treinadores que mudaram de clube, questiono-me se os adeptos da bola quererão falar de Ruben Amorim ou de Rui Borges.
Seja o visado quem for, estão errados.
Na sexta à noite, em Guimarães, o novo técnico leonino recém-contratado pelo Sporting vindo da cidade-berço foi recebido com gritos (e tarjas) a chamarem-lhe "traidor". Nestas alturas verifico a enorme semelhança que pode haver entre um clube de futebol e uma seita religiosa - com os seus fiéis, os seus anátemas, os seus hereges. "Traidores", "desertores", "renegados" e expressões do género são típicas de seitas vocacionadas para espalhar o ódio.
Essa é a parte do futebol que menos me interessa. Aliás, é uma parte do futebol de que não gosto nada.