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Delito de Opinião

Os comentários da semana

Pedro Correia, 01.03.20

«A Comissão Europeia tem um projecto aprovado para limitar as velocidades, obedecer às regras - quer se queira quer não. Os carros mais recentes já reconhecem sinais de trânsito, a partir duma data a determinar terão de lhes obedecer.

Haverá sempre quem fuja aos limites, como terá sido o caso neste acidente concreto. Há uma rede de especialistas que alteram motores e centralinas, e certamente cumplicidades nos centros de inspeção. Há clientes, certamente jovens.

Os fabricantes têm culpa, sim. Para mim há opções que não fazem sentido, como carrinhas com 600 cavalos ou utilitários com 400. Que um Lamborghini tenha 600 cavalos ainda faz algum sentido - pouco - mas que veículos cuja génese visou a practicidade e facilidade de utilização os tenham, não faz sentido. Basta olhar para um SUV e um Ferrari e logo se percebe qual é mais seguro a altas velocidades.

Agora temos os eléctricos, e continuo a não entender o sentido. O novo Lotus Evija tem 2000 cavalos. Mais modesto, um SUV Mercedes tem 600 - o que eu não entendo é, num carro eléctrico, sacrificar a autonomia, que nesse modelo será de 400 quilómetros. Não seria preferível ter 300 cavalos e 800 quilómetros de autonomia? Se o Evija é um laboratório rolante (500 cavalos por roda acarreta certamente problemas de tracção), o SUV é suposto ser prático.

Eu não sou contra os superdesportivos ou superluxuosos, mais tarde muitas das inovações chegam aos carros de gamas baixas e tornam-nos melhores. Tornar um carro de família numa bomba capaz de atingir velocidades ilegais em meia-dúzia de segundos parece-me contra-senso. De qualquer modo, irão circular num trânsito que pára mais do que anda.

Acredito que um dia será tudo autopilotado, e à medida que envelheço a ideia seduz-me - cada vez tenho menos paciência para o trânsito actual. Dito isto, a velocidade nunca me incomodou, nem a minha nem a dos outros - o “onde” é que me incomoda, há locais e circunstâncias em que 60 km/h são demais, e noutros 200 são relativamente seguros.

O que vai ser interessante no futuro é deixar de haver multas. Talvez por isso esse futuro nunca chegue.»

 

Do nosso leitor António. A propósito deste texto do José Meireles Graça.

 

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«Explique-me porque é que os médicos se recusam a ir trabalhar /preencher vagas em hospitais do Interior, sabendo, aqueles, que irão ser melhor pagos, e ter outras regalias, atribuídas, frequentemente, pelas autarquias, como habitação, etc? A culpa é dos privados ou da gestão caótica do SNS? Explique-me lá, porque é que o Estado continua com o regime de médicos avençados /outsourcing? Onde é que entram aqui os privados?

Os seguros de saúde têm sido adquiridos pelos cidadãos da, designada, classe média baixa, porque consideram que o SNS deixou de dar resposta à maioria dos quadros clínicos que os leva a procurar cuidados médicos (exemplos: como já aqui disse, três semanas, em média, para uma TAC, RM, ecografia, para patologias/quadros clínicos não urgentes, mas cuja morbilidade impede, frequentemente, os pacientes de levarem uma vida normal, piorando, a posteriori, de forma não dispicienda, o prognóstico/recuperação; exemplo: numa situação ortopédica o atraso no diagnóstico /tratamento pode implicar um período de fisioterapia mais longo e portanto mais dispendioso para o Estado).

Quanto ao resto estou de acordo. Vivemos num regime capitalista. Os bancos deveriam falir, ficando salvaguardados os depósitos até 200.000€ (acima do limite actual). Se são too big to fail não devem ser entregues a privados, tal como os monopólios naturais o não devem ser.

O que falta no Estado português é uma política de responsabilidade individual. Ou seja, em se provando má gestão da coisa pública deveria existir suspensão/despedimento e não esta jigajoga de serem, os funcionários públicos, mudados de serviço (exemplos: quando fazem "porcaria" passam das câmaras para as empresas municipais; quando criam buracos nas empresas municipais, estas são assumidas pelas Assembleias Municipais, porque a todos os partidos dá jeito; quando esgotam o limite legal de mandatos, como autarcas, passam para presidentes das Assembleias Municipais; quando jantam fora pedem recibos para pôr como despesas de representação...).

Há Lodo no Estado.»

 

Do nosso leitor Vorph Valknut. A propósito deste texto do Paulo Sousa.

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