Os atentados em Paris e a falência definitiva do argumento da provocação
Os novos atentados em Paris deixam em evidência o erro grosseiro que foi cometido pela generalidade das análises produzidas a propósito do ataque ao Charlie Hebdo. O acto terrorista foi discutido, nessa oportunidade, na óptica da retaliação à provocação dos cartoonistas. Ora, sendo esse o ponto de partida, a discussão estava inquinada desde o início, ainda que se defendesse então que nenhuma provocação justifica uma carnificina como a que ocorreu (e é certo que nem todos assumiram, sequer, essa posição e que alguns encontraram argumentos para responsabilizar as vítimas). A verdade é que o terrorismo, como agora voltamos a constatar, não tem justificação, apenas procura pretextos. Hoje, a pergunta que deve fazer-se perante uma nova carnificina, e que deixa claro o logro argumentativo em que então quase todos incorrreram, é a seguinte: qual a provocação que estas vítimas fizeram aos autores, sejam eles quem forem, dos atentados? Pois é. É por isso que a única posição possível perante este tipo de situações é uma condenação radical, incondicional e absoluta, sem necessidade de quaisquer outras considerações ou argumentos.