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Delito de Opinião

Oppenheimer e a Bomba Atómica

João André, 19.07.23

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À esquerda, Robert Oppenheimer. À direita, Cillian Murphy em Oppenheimer.

Estreou esta semana Oppenheimer, o novo filme de Christopher Nolan. Não o vi ainda, embora tencione fazê-lo. Nolan é um cineasta que me enche as medidas quando vejo os seus filmes, embora raramente eu a ele regresse. Não é alguém que me deixe com vontade de esclarecer alguma coisa na história ou na mensagem. Nisso penso que ele é algo simplista (Nolan é um admirador de Michael Bay, cada um que tire as ilações que entender), mas é um cineasta fantástico no que diz respeito à imagem. Não espero que Oppenheimer seja diferente.

Não é no entanto o filme em si nem Nolan que me levam a escrever. É a história da construção da Bomba Atómica. É que esta é uma história incrível, com personagens fascinantes - Robert Oppenheimer talvez seja de facto a mais complexa de todas - e todo um cenário, desde o início do século XX até 1952, quando a primeira bomba de hidrogénio (ou bomba termonuclear, ou bomba de fusão) foi detonada. E toda esta história é contada majestosamente por Richard Rhodes na sua monumental obra The Making of the Atomic Bomb (link na Amazon, link na Wikipedia), um livro fenomenal que já li duas vezes (e ouvi em audiolivro outras duas) e que infelizmente não parece estar publicado em português.

Não vou eu contar num post uma história tão complexa que precisou de mais de 800 páginas para ser colocada em papel. No entanto aponto para pequenos pormenores como a dissolução de duas medalhas Nobel em Copenhaga (para as esconder dos nazis), as preocupações filosóficas de Bohr (que emerge como o maior gigante numa história de gigantes), uma visão de Leo Szilard que evocava um livro de HG Wells, um duo de tia (Lise Meitner) e sobrinho (Otto Frisch) que fizeram descobertas fundamentais no campo, um ataque às instalações da Norsk Hydro (revisitado em Hollywood anos mais tarde) seguido da história de um afundamento de um ferry e de um famoso violinista, descrições horrendas do resultado de bombardeamentos, uma narração em segunda mão das descrições de narradores infiáveis sobre um encontro entre Heisenberg e Bohr, a fuga de Bohr da Dinamarca, a origem de nomes de código, a escolha do cientista mais rápido na equipa de Fermi para levar amostras para análise, etc. O livro é rico em detalhes, explica os princípios técnicos com clareza e simplicidade e pouco a pouco para os leitores os poderem apreender e ainda nos leva mais longe que simplesmente Agosto de 1945, chegando então à "Super" de Teller e Ulam detonada em 1952.

O filme de Nolan foi baseado no livro American Prometheus, uma biografia de Oppenheimer. Será talvez a melhor fonte para o filme, dado que se debruça sobre especificamente Oppenheimer, não sobre a bomba. No entanto, para quem queira adquirir mais informação sobre aquele que terá sido o maior projecto científico da história da Humanidade, o livro de Rhodes será inultrapassável.

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