Obrigado, mas não consigo nem quero "compreendê-los"
Os assassinos do assalto ao Charlie Hebdo combateram aquilo que consideram blasfémia violando o mais sagrado dos direitos: o direito à vida. Usando armas de guerra para matar gente desarmada.
O tiro disparado contra o polícia ferido, que pedia clemência estendido no solo, permanecerá muito tempo na memória colectiva. Como um retrato da barbárie à solta numa cidade que se orgulhava de ser sinónimo de civilidade e sofisticação.
Um crime repugnante, cobarde, inaceitável.
Dizem-me que devemos procurar as "justificações" de quem premiu o gatilho. Penso precisamente o contrário. O respeito pela memória das vítimas de Paris obriga-nos a não alimentar atenuantes de qualquer espécie para estes crimes.
Claro que nestas ocasiões há sempre quem defenda que a culpa é da "sociedade", das "injustiças" ou da "marginalização" a que são sujeitos certos grupos étnicos ou religiosos.
As práticas criminosas concretas ficam diluídas neste caldo de palavras abstractas capaz de inverter a realidade mais básica. Transformando-se os criminosos em vítimas e as vítimas em cúmplices passivos de um sistema iníquo que segrega os seus monstros.
É de imediato excluída, à luz deste critério, toda a responsabilidade individual.
No limite, mandam-nos "compreender" a burca. E a escravização de meninas e mulheres. E a mutilação genital feminina. E as crianças forçadas a transformar-se em bombistas suicidas, como vem sucedendo no nordeste da Nigéria. E os apelos à guerra aos blasfemos do Ocidente propagados por imãs e mulás em mesquitas de Londres a Teerão.
"Compreenda-os" e justifique-os quem quiser. Eu não consigo. Nem quero.