O Seguro do Governo.
António José Seguro tem exactamente o mesmo ADN político de Passos Coelho, parecendo os dois gémeos poliíticos. Efectivamente, ambos tiveram uma carreira integralmente passada na Jota, que lhes permitiu ascender ao escalão principal sem nada terem feito na sociedade civil, apenas em virtude da quota que os partidos habitualmente reservam aos seus jovens. A partir daí foram assumindo uma posição crítica nos respectivos partidos que lhes permitiu substituir os líderes logo que os mesmos foram perdendo eleições. E ambos têm uma irreprimível tendência para a asneira. A diferença é que enquanto Passos Coelho está habitualmente calado, deixando os disparates serem assumidos por outros, António José Seguro faz questão de que todos se apercebam dos inúmeros dislates de que sistematicamente se lembra. Assim, na altura em que o Governo destrói de uma penada 47 tribunais, sem que Passos Coelho diga uma palavra, imagine-se o que propõe António José Seguro: um tribunal destinado exclusivamente aos investidores estrangeiros, e que fosse "amigo" desses investidores. Fica-se assim a saber a ideia que tem da independência dos tribunais o líder do PS. Enquanto os portugueses perdem acesso aos tribunais, os investidores estrangeiros teriam um tribunal especial ao seu dispor, que seria seu "amigo" e que não deixaria de castigar os indígenas se eles se atrevessem a litigar com os queridos investidores estrangeiros.
É por essas e por outras que acho que os partidos da maioria tudo farão para que Seguro permaneça líder do PS, mesmo que tenham que perder as eleições europeias. Seguro é o maior seguro que este Governo que alguma vez poderia ter. É por isso que nos partidos da coligação todos devem estar a rezar para que Seguro permaneça líder do PS por muitos e bons anos.