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Delito de Opinião

O século em que foi inventada a palavra totalitarismo

Pedro Correia, 16.09.20

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Ribbentrop, chefe da diplomacia nazi, e Estaline (Moscovo, Agosto de 1939)

 

Se fizermos a lista das cem personalidades mais marcantes do século XX, lamentavelmente, verificamos que grande parte delas inspiraram, criaram ou desenvolveram sistemas ditatoriais.

Isto diz muito do que foram aqueles cem vertiginosos anos que alguns chegaram a antever como uma vanguarda libertadora da História. E confirma que a longa aventura da espécie humana, ao contrário do que sucedia nos filmes de Walt Disney, não é um caminho fadado para desembocar num final feliz.

 

Entre os cem mais influentes temos forçosamente de incluir gente que espalhou à sua volta a fome, a opressão, a ruína e a guerra.

Gente tão sedenta de sangue como de poder.

Gente para quem uma vida humana era apenas um dado estatístico.

 

Entre esses cem, figuram necessariamente Adolf Hitler, Josip Estaline, Benito Mussolini e Mao Tsé-tung, ditadores dos mais diversos matizes e dos mais variados quadrantes. Alguns representantes de velhas monarquias absolutas, como Guilherme II, Nicolau II e os imperadores Hirohito (do Japão) e Reza Pahlevi (titular da coroa iraniana, deposta em 1979). Ou arautos dos novos tempos que se revelaram ainda mais devastadores do que os tempos antigos, como Vladimir Lenine, Lev Trotsky e Fidel Castro.

Franco, Enver Hoxha, Nasser, Joseph McCarthy, Khomeiny, Krutchov, Ho Chi Minh, Che Guevara, Saddam Hussein, Pol Pot, Chiang Kai-Chek e Ataturk integram esta lista cheia de políticos que suscitaram amores e ódios, consoante as épocas e as modas.

Também há, felizmente, figuras hoje incontroversas pelo seu legado no pensamento e na acção. Como Roosevelt, Churchill, De Gaulle, Mandela, Gandhi, Sakharov, Sun Yat-Sen, Kennedy, Václav Havel, Madre Teresa e Luther King.

 

Mas é sobretudo fora da política que o século passado projecta uma luz de esperança sobre o actual. Porque esse foi também o tempo de criadores artísticos como Picasso, Prokofiev, Stravinsky, Gershwin, John Ford, Sinatra e Greta Garbo. De heróis na Terra e nos céus, como Amundsen, Lindbergh, Gagarine e Neil Armstrong. De cientistas como Einstein, Marconi, Marie Curie, Alexander Fleming e James Watson.

Foi o século de Freud e de Chaplin. De Kafka e de Orwell. De Ravel e de John Lennon. Um século que forjou e derrubou mitos. O século que legou à posteridade uma palavra arrepiante: totalitarismo. Um século em que o sonho deu tantas vezes lugar ao pesadelo. O século de uma menina que simboliza afinal um pouco de tudo isto. O século de Anne Frank.

4 comentários

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    Zeca 17.09.2020

    "iu dois chefes de Estado assassinados." E não esqueça um Primeiro Ministro.
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    Francisco Almeida 17.09.2020

    Por acaso até acredito que quem foi assassinado foi o ministro da Defesa. Os outros, incluindo o primeiro-ministro foram danos colaterais.
  • Sem imagem de perfil

    Zeca 17.09.2020

    Não me referia a Sá Carneiro mas sim a António Granjo. Quanto a Sá Carneiro fica-se na dúvida.
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