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Delito de Opinião

O Sebastião Pereira sou eu

Pedro Correia, 24.06.17

"Caos en el mayor incendio de la historia de Portugal: 64 muertos, un avión fantasma y 27 aldeas evacuadas." Foi este o título da peça do El Mundo de 21 de Junho que perturbou o Governo e mobilizou a guarda pretoriana do poder, que parecia hibernada em pleno Verão.

Tudo normal. Mas nunca imaginei que o Sindicato dos Jornalistas - organismo que tem como incumbência e dever a defesa dos interesses socio-profissionais dos jornalistas - se envolvesse com tanto fervor no assunto, emitindo 48 horas depois da publicação da notícia um comunicado em que garante não haver "qualquer registo de documento profissional" acerca do nome Sebastião Pereira, o autor do texto. Nesses escassos dois dias, o SJ teve tempo de indagar a direcção editorial do El Mundo e os sindicatos espanhóis, "informando-os sobre o caso e pedindo cooperação para o esclarecer".

 

Gostaria de ver o Sindicato dos Jornalistas, agora mobilizado na batalha da propaganda contra quem ousou publicar além-fronteiras uma peça tão incómoda para Sua Excelência o Presidente do Conselho de Ministros, pronunciar-se com tamanha rapidez contra os despedimentos maciços de jornalistas nos órgãos de informação, a crescente proletarização da profissão e o incumprimento de elementares obrigações contratuais pelas entidades patronais.

Quanto à identidade do misterioso correspondente que tanto tem alvoroçado São Bento, não vale a pena enviarem mais correios electrónicos para a redacção do El Mundo nem incomodarem as estruturas sindicais espanholas: o Sebastião Pereira sou eu.

Ao contrário do que alegam alguns usurpadores, incluindo este e este.

 

Mais esclareço que escolhi Sebastião por ter nascido em São Sebastião da Pedreira e Pereira em homenagem ao ex-ministro Pedro Silva Pereira, que num destes dias encontrei num supermercado.

Aproveito a oportunidade para revelar que também utilizo ocasionalmente as assinaturas  Repórter XFradique Mendes, Dennis McShade  e  Bob Dylan - sem ter feito vénia nem pedido autorização ao Sindicato dos Jornalistas, falha de que muito humildemente me penitencio.

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