O retorno
Judite de Sousa voltou ontem ao ecrã da TVI, com uma entrevista a Cristiano Ronaldo. As marcas da dor pela qual passou - e passa - estão bem visíveis. Não no rosto, ou no vestuário, impecáveis. Mas no olhar e na voz porque, esses, não há tecnologia que disfarce. Pelo contrário, intensifica-os.
Nunca escondi a minha admiração por Cristiano Ronaldo. Pelo homem que veio menino sozinho para Lisboa traçar o seu futuro, pelo desportista que fez mais pelo nome de Portugal do que muitos "emproados" que a tal se outorgam e pelo chefe de família em que se transformou. Mas, sobretudo, por esse orgulho de ser quem é, de ser português e de nunca renegar as suas origens. Não é pouco, no mundo actual. O resto são floreados.
A primeira parte da longa entrevista referiu-se, sobretudo, à vida profissional. Não sendo especialista na matéria, julgo que Cristiano respondeu sabiamente às perguntas que lhe foram feitas. Já não é, mais, o jovem que cometeu alguns erros. É um homem que soube tirar deles as devidas lições e que os não nega.
Tocou, aliás, numa matéria muito importante: a ideia que cada um tem de si próprio. Para dizer que precisa de se considerar o melhor para fazer o que faz, mas que isso não implica que ele seja o melhor. Só esta resposta merecia, por si só, uma entrevista. A ele Cristiano e a muitos de nós.
Judite esteve bem. Triste, mas boa profissional. Hoje veremos, ao que sei, a parte afectiva e familiar do nosso craque. Da qual falarei amanhã, se a matéria o justificar.
Mas dei por bem empregue o tempo que passei junto ao televisor. É que a conversa valeu muito mais do que os medíocres debates televisivos a que, por norma, estamos sujeitos.