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Delito de Opinião

O resumo da conferência de Munique

João Pedro Pimenta, 17.02.25

Uma das fotos oficiais da Conferência de Munique: o representante da potência anglo-saxónica apazigua a potência ameaçadora de leste, clamando uma "paz duradoura", não se importando muito que aquela ocupe alguns territórios que não lhe pertencem, e trocando algumas impressões com o líder da extrema-direita alemã.

Só não sei precisar se a foto é de 1938 ou 2025.

12 comentários

Lopes 17.02.2025

Trump já tinha deixado no ar há algum tempo que o faria e acabou por fazer - acho um erro evidente mas a Europa, porque lá está Trump já o tinha dado a entender por várias vezes, ficou a dormir mais uma vez à espera que Kamala ganhasse as eleições e, penso que em boa parte, convencida disso dada a quantidade de peças que a imprensa europeia passou a dar-lhe vantagem e/ou uma vitória praticamente garantida. No final Trump ganhou, ou seja, a maioria dos americanos concorda com o que está a ser feito já que Trump nunca escondeu que a Europa deve ser defendida pelos europeus e que os europeus devem gastar mais em armamento, portanto, a Europa tinha de ter sido capaz de antecipar a situação mas nada disso, falhou novamente e miseravelmente fiada num vitória eleitoral num país estrangeiro que lhe escapou. Agora bem podemos insultar os americanos que vai dar ao mesmo.

E, o mesmo com as tarifas onde, no total absurdo, os EUA se deram ao luxo de impor 25% a aliados históricos e vizinhos enquanto apenas aplicaram 10% ao rival declarado (se bem que na Europa creio que será ainda pior, não me admirava nada de ver o sr Trump a dar benesses a italianos e húngaros -os amigos- enquanto aperta a corda do pescoço dos outros num total desrespeito pela UE e num jogo de dividir para reinar). Enfim, até parece que afinal são os 1os a grande ameaça aos EUA e não a China (não entendo aquela cabecinha mas a realidade é o que é), num ato que servirá ainda mais para dar cabo dos laços com os aliados pois isto é apenas e só a política de botas cardadas à moda do sr Trump, do género se não fazes o que eu quero, levas com o pau no lombo.

Como se tudo isto ainda fosse pouco aparece com aquela cena da Gronelândia, ameaçando diretamente um aliado da NATO e membro da própria UE, num claro e novo ataque à Europa unida que me parece claramente querer ver dividida novamente. Mais uma valente bota cardada em cima da Europa.

Posto isto o que irão os burocratas europeus fazer? Isso é o que verdeiramente me preocupa como europeu. Vão continuar a fazer de conta que nada se passa e a evitar decisões como o fizeram sobre a questão militar e sobre a qual agora se atiram aos EUA quando eles se fiaram na "virgem" Kamala e não quiseram correr? Ou vão ter uma vez na vida coragem para mudar de rumo e começarem a criar condições para sermos independentes militarmente de americanos, dar um novo ímpeto à indústria europeia que deixámos fugir para a China alegres da vida e passarmos a ter uma voz de peso na mesa dos titãs da geopolítica mundial? Isso é o que me preocupa pois o que vejo hoje é a calimerização generalizada a este nível e a insistência em andarmos atrás de agendas esquerdistas e ambientalistas patéticas que só serviram para nos trazer a este ponto.
ZEBRA 17.02.2025

Então e o Xi, já devolveu o telefonema ao Trump? Nem o atendeu, nem lhe telefona de volta... Uma falta de respeito.
Mas já subiu a parada no leilão das taxas: Trump, 10%; Xi, 15%. E mais a 'coincidência' do aparecimento do chatGPT-maravilha, que pôs Wall Street aos trambolhões.
O Musk, com as parvoíces filonazis, levou um rombo nas vendas da Tesla - de que quem mais beneficiou foi... a China. Nem que a Tesla recupere, levou o rombo na mesma, e a rapaziada teve ocasião de conhecer a concorrência.
Há-de ser por estas e por outras que a presidência bicéfala Musk/Trump não se estica muito. A China não é a Europa, nem o Canadá, nem o México. A China sempre soube jogar sujo, não tem nada para aprender nesse capítulo.
Lopes 18.02.2025

O que o Xi faz ou deixa de fazer ao Trump pouco me importa - e se o faz é porque a China tem poder para isso ao contrário de outros.
Volto a frisar que o que me importa realmente é o que os europeus farão. Têm 2 hipóteses, continuam a lutar pelo domínio das suas quintinhas particulares e nunca passarão de potências continentais e regionais a solo (aqui falo sobretudo dos que mais peso têm como Alemanha, França e Itália na UE buscando o envolvimento britânico), sendo que ficarão eternamente de calças na mão quando uns EUA o quiserem, ou abdicam dele para criar uma propriedade muito maior, uma potência com capacidade para não depender de humores de presidentes de países terceiros e que se deixe de tangas e avance para África onde pode e deve fazer os possíveis para cimentar relações e não deixar que outros o façam. A Europa só poderá ser forte unida e criando uma esfera de influência em África, continente onde temos uma vantagem geográfica mais do que óbvia. Se o mundo multipolar parece estar aí ao virar da esquina será um erro não fazer os possíveis para ser um dos polos dominantes.
João Pedro Pimenta 20.02.2025

Não me parece que a UE tenha propriamente ficado "À espera de Kamal", não só por era claramente incerto como já ninguém repetiu o erro de 2016. Só que não é de um dia para o outro, nem sequer de um ano para outro, que se mudam as coisas, sobretudo numa UE em que há opiniões divergentes (veja-se a propósito do Acordo Mercosul). a Europa já aumentou os gastos na defesa, menos do que seria necessário, mas aumentou, de tal forma que houve um plano de assassínio do chairman da Rheinmetall logo que esta começou a construir novas fábricas de armaento.

David 17.02.2025

Acrescento, se me permite, que esta sua "analogia" é das mais fraquinhas que existe. Está, aliás, amplamente documentada, chama-se Reductio ad Hitlerum. Basta consultar a wiki. Tenha um bom dia, uma boa semana.
João Pedro Pimenta 20.02.2025

Pode crer que é Reductio ad Hitlerum, pode. Não há momento mais oportuno do que este. Se acha que é fraquinho, então o sr. David é que devia estudar um pouco, sobretudo depois do que se viu nos últimos dias.

lucklucky 17.02.2025

Mas já se deve negociar com o Hamas...

Então agora que se quer os soldados americanos na Europa toca a apagar a enfase multicultural americana. Já são só potencia anglo saxónica.
Em vez da enfase latina/afro americana que tanto gostam dar.

A pergunta essencial é: quais os países Europeus que estavam/estão dispostos a mandar soldados para combater na Checoslováquia 1938 ou Ucrania 2025?

O Trump viu bem que nenhum está.
E percebe muito bem que a única guerra boa americana é quando os soldados americanos morrem nas guerras Europeias...
Veja-se como os europeus enchem páginas de jornais contra as minas anti-pessoais, caladinhos agora que a Ucrania usa, contra as bombas clusters, caladinhos agora que a Ucrania usa. Faz a Ucrania muito bem,. Mas fossem os EUA ou Israel e os mesmos jornalistas europeus voltariam a debitar.
Ou o "Tribunal Internacional"... Europeu desenhado contra os Americanos.
João Pedro Pimenta 20.02.2025

Por Tribunal Internacional deve estar a falar do TPI, aquele organismo rigoroso de que Trump não gosta porque é muito aborrecido para os amigos Putin e Netanyahu.
Os europeus não lutaram em 1938 mas fizeram-no no ano seguinte, e bem caro ficou. Os americanos vergam-se perante a ditadura Putin para obter dividendos e bem caro lhes pode ficar também.

marina 17.02.2025

Alberto Gonçalves
1 h ·
Talvez pareça mentira, mas o “chairman” da conferência de segurança de Munique desatou a chorar a meio do discurso de encerramento daquilo. Porquê? Porque se lembrou do discurso de JD Vance dois dias antes e reagiu da única forma que a Europa actual sabe reagir: com lágrimas. Estas luminárias, que falam de “força” e são peritas em fraqueza, são, como insinuou Vance, cobardes a ponto de recearem as próprias populações. Não admira as políticas suicidas que têm adoptado na energia, na defesa, nas migrações, na cultura e no que calha. A verdade é que a Europa mudou, e os EUA perderam a paciência para essa deriva, que é perigosa e que não será invertida por choramingas.

e é isto , coitados de nós.
João Pedro Pimenta 20.02.2025

Alberto Gonçalves de há muito é monotemático e por isso mesmo, patético. Não admira que tenha apreciado o discurso de Vance sobre a "liberdade de expressão" no mesmo dia em que a Associated Press ficou impedida de entrar na sala oval, já que desagradou aos incumbentes.

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