O Raposão, com a ministra no México
(Teodorico e Alpedrinha por Rui Campos Matos)
Foi-se a ministra, orgulhosamente lesbiana, a Guadalajara, decerto que com adido à ilharga – mas não a Cuernavaca com o necessário Cônsul, estou disso certo – e por lá resmungou algo, sobranceira a portugueses, Portugal e seus jornalistas e jornaleiros. Entretanto, cá longe, noutro “lá fora”, ando eu a reler, 35 anos depois, o “Relíquia”. Eça não é, diz quem sabe, o Zola, o Balzac, muito menos o Flaubert, mas é o que temos, e ainda que me solavanque o encanto – tetrali o “Os Maias” por causa do filme de João Botelho, e disso me apercebi, já nada adolescente ou vinteanista, franzindo o meu cenho ao traço grosso da caricatura que escorrega daquele Ega – continua uma delícia.
Enfim, perorava a ministra lá em Guadalajara quando o Raposão, o bom do Teodorico, me aportou a Alexandria, naquela sua ímpia, pois humana, peregrinação à então Terra Santa. Logo se acolheu ao afamado e recomendado “Hotel das Pirâmides”, deparando-se com um patrício (onde é que não há um português?), “moço de bagagens e triste“, ali algo desvalido dados os infortúnios de amores e impensares, o Alpedrinha, figura ímpar do panteão queiroziano, mais que não seja por aquela sua sábia e monumental saída, que em mim habitava sem lhe recordar a autoria (“Tu já estiveste em Jerusálem, Alpedrinha?“, perguntou-lhe o Teodorico, “Não senhor, mas sei … Pior que Braga“, algo que talvez tenha acicatado aquele Luiz Pacheco). Chegava-se pois, no mesmo fim-de-semana da ministra no México, o bom do Teodorico às terras da Esfinge e, lá de tão longe, responde à sáfica governante: “E se o cavalheiro trouxesse por aí algum jornal da nossa Lisboa, eu gostava de saber como vai a política.”, atreveu-se o Alpedrinha. “Concedi-lhe generosamente todos os “Jornais de Notícias” que embrulhavam os meus botins“, logo concedeu o malandrote.
Isto nem em Cuernavaca lá iria. Quanto mais em Guadalajara.