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Delito de Opinião

O que me ficou do jantar no Panteão

João Pedro Pimenta, 16.11.17

É claro que fazer jantares no Panteão é patético e de gosto duvidoso. É evidente que fait divers destes dão cada vez mais azo a oportunismos polí­ticos, sejam do Governo ou da oposição (a última pérola neste sentido é de Gabriela Canavilhas, uma das mais notórias yes women do PS). E é cristalino que é deste tipo de coisas que se alimentam as sempre insaciáveis redes sociais, sendo que esta polémica partiu precisamente de um blogue - o de Seixas da Costa.

 

Mas duas coisas me ficaram: uma delas é, como escreveu o Rodrigo Adão da Fonseca, que os nossos governantes e os nossos organismos públicos reagem crescentemente sob a pressão das tais "redes sociais" e respectivos estados de humor, sobretudo quando estão "indignadas", o que nos leva a uma caótica e degenerada noção de "democracia directa"; a outra é que se os tais web summiters, ou lá como lhes chamam, não perceberam minimamente onde estavam, é porque a sua visão somente apontada à tecnologia, a um certo tipo de empreendedorismo, e ao culto da "informalidade" faz tábua rasa de qualquer conceito de sacralidade e de respeito pelo passado e pela memória. Ou seja, um caldo de economicismo e de modernidade a todo o custo baseados na tecnologia, que recorda os "progressistas" do século XIX, que não hesitavam em derrubar os traços medievais existentes, como castelos, palácios ou igrejas (e o nosso país bem sofreu com isso), para construir as suas particulares visões de futuro e de "civilização". Bem vistas as coisas, não admira que as suas reuniões se tenham vindo a fazer em Portugal.

 

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2 comentários

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    Anónimo 17.11.2017

    Edimburgo tem cemitérios encantadores, como o de Greyfriars, com as suas histórias de fantasmas. Mas creio que até pelo aspecto arquitectónico do local seria bom tentarem informar-se de onde estavam. Viu-se pela reacção posterior de Paddy Cosgrave que não tinha a menor ideia do que era aquilo. O que, juntando ao ambiente próprio da Web Summitt, revela que era mais um local para um "evento", pouco importando o seu significado. Andamos a apregoar tanto o nosso país aos turistas que nos esquecemos de explicar ao que é que eles vêm para além dos lugares-comuns habituais. Daí também a nossa culpa (e da senhora directora que autorizou o jantar mas cujos critérios de autorização, sabemos agora, variam muito com os seus humores).
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