O que é que o país não dirá?
António Costa demitiu-se e atrás de si deixou números record de portugueses sem médico de família assim como de utentes em lista de espera para consultas médicas. A imensa lista para cirurgias vai diminuindo numa relação directa com os falecimentos, que, podemos imaginar, ocorrem mais cedo pela falta destas. Segundo membros do seu governo, o mês de Novembro, aquele em que se demitiu terá sido o pior mês da história do SNS. O ainda PM em gestão deixou também atrás de si os profissionais de saúde em pé de guerra e o mesmo aplica-se aos profissionais de educação. No ensino, e além desta fricção profissional, todos os indicadores internacionais apontam para uma regressão significativa nos níveis de aprendizagem dos alunos portugueses. Este é também o resultado das políticas de educação que teve a oportunidade de colocar no terreno nos últimos oito anos.
Uma gravíssima falta de habitações disponíveis é outra das heranças que António Costa deixa e que demorará anos a ultrapassar.
Tudo isto, e bastante mais, que por fadiga minha não aqui transcrevo, ocorre neste fim de ano em que já se aprovou o orçamento com a maior carga fiscal de sempre. Em 2024, passarão pelos cofres do estado 36,4% da riqueza criada no país. Todos os serviços públicos queixam-se de falta de pessoal, quando ao mesmo tempo sabemos que o número de funcionários públicos atingiu em 2022 a cifra de 742.355 e no ano corrente serão ainda mais. A dívida pública, que ao contrário do que o marketing socialista repete nunca baixou, andará pelos 276 mil milhões de euros.
Além desta regressão objectiva e generalizada, a forma como o PS tem governado levou a um acentuado enfraquecimento das instituições. Os ataques à independência da justiça têm ocorrido de forma inédita e com especial desespero desde que a PSP encontrou 75.800 euros em dinheiro no gabinete contíguo ao do chefe do governo.
Ao longo destes oito longos anos que António Costa apascentou o país, disse muita coisa. Uma vez disse, e isso explicará a colossal dimensão que o Estado atingiu, assim como os tão insatisfatórios resultados, que se arrepiava com a expressão “Reformas Estruturais”. Chegamos onde chegámos graças à ideia cavalgada pelo PS de que tudo pode ficar na mesma. O mundo muda a cada minuto, os desafios são de uma complexidade crescente, mas “eles” prometeram que nenhum privilégio seria interrompido, tudo ficaria na mesma. Não há impossíveis que um mentiroso não consiga prometer e o “sucesso” de António Costa é exemplo disto.
Outro dos tristes legados destes oitos anos de governação socialista é o peso político de André Ventura. O grande sucesso do PS em alcançar o seu grande propósito (manter-se no poder a qualquer custo) segue em paralelo com o grande vigor do Chega. Os chafurdos avançam de mãos dadas. Já aqui falei sobre isso.
Não vou para aqui trazer o “não me faça rir” dos incêndios de 2017, nem a nacionalização e privatização da TAP, nem especular sobre quantos milhões os portugueses vão ser chamados a indemnizar Christine Ourmières-Widener, mas fico-me apenas com as sobras da entrevista de anteontem de António Costa à TVI. Perante todo o descalabro à frente dos nossos olhos, diz então o senhor: “Estou magoado."