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Delito de Opinião

O "Público" e os Olivais

jpt, 07.05.25

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Aqui no Delito de Opinião tenho deixado vários postais aludindo à freguesia "dos" Olivais, o bairro onde cresci e ao qual voltei há uma década. Vários são relativos ao meu quotidiano, outros a memórias dos "tempos". E outros sobre o poder autárquico que aqui vigora: desde 1989 a junta tem eleitos PS, cinco mandatos de um presidente, os seguintes da que agora finda o seu período. E a qual exerce o mandato a tempo parcial, pois após as últimas eleições foi contratada para a câmara de Loures, após o seu partido a esta ter conquistado. Várias vezes referi as características desta Junta: muito baixo nível dos eleitos, caciquismo desbragado, "popularuchismo" ("populismo" é outra coisa), nepotismo - este já devassado em reportagens televisivas que seriam letais noutros contextos. Um "boçalismo", por assim dizer. E ineficiência.

Completado o número de mandatos legalmente permitidos a presidente da junta tentou impor uma lista sucessora, composta por alguns dos seus correligionários. Num processo de "faca e alguidar", a concelhia do PS refutou e retirou-lhe a "confiança política". Mandatando uma lista concorrente incluindo outros dos participantes nesta gestão autárquica - incluindo o "vice" actual. Entretanto a lista patrocinada pela presidente decidiu concorrer como "independente" (assim uma espécie de PS "B"). E já por aqui anda fazendo propaganda.

Uma matéria muito demonstrativa da mundividência e incompetência do colectivo  PS (o "A" e o "B" - pois ambas as listas estarão pejadas de membros das últimas juntas) neste bairro é o longo processo de reabilitação da biblioteca dos Olivais, verdadeiras "obras de Santa Engrácia", pois o equipamento está encerrado há cinco anos, desde o COVID. Abordei o assunto em postal recente.

Volto a referi-lo devido a isto: muitas vezes aqui referi ser a presidente desta Junta, Rute Lima, "colunista" do "Público". Por considerar isso absolutamente denotativo do que é o "Público", sempre referido como "jornal de referência". Não vou adjectivar Lima. Mas sempre me interroguei: há milhares de presidentes e ex-presidentes de Junta no país. E impunha-se a "pergunta" (ou a constatação) sobre qual a razão para que o jornal cooptasse uma política com este conteúdo - repito, sublinhando: o caciquismo aqui é até anacrónico, de uma patente "incultura", ou seja, um modo inverso ao proclamado "de referência". Mas para o "Público", às suas direcções e, quiçá, aos seus proprietários, é este tipo de voz autárquica que interessa ecoar.

Enfim, há alguns dias - e exactamente sobre o tal "caso biblioteca dos Olivais" - o "Público" publicou esta "reportagem" (para ler basta engrandecer a imagem). E a propósito desta vergonhosa trapalhada constate-se a placidez do texto, a simpatia para com a Junta, para com a "colaboradora" do jornal da SONAE. E disso, a propósito desta minudência de freguesia, conclua-se sobre o pobre estado dos axiomas deste jornal.