O PS como Banco Alimentar
jpt, 27.02.23
Há alguns anos regressei ao Portugal. E nisso, após 25 anos, regressei à casa que fora paterna e ao meu velho bairro, os Olivais. Desde então, de vez em quando, fui blogando sobre a Junta de Freguesia, ocupada por um inenarrável conjunto de militantes do PS - pois não só é notória a sua incompetência executiva como o é, e ainda mais, a concepção patrimonialista e paternalista, vilmente anacrónica, que aquela gente tem do poder. E também porque de conversa em conversa se vão ouvindo episódios enjoativos das suas práticas - mas não se podem escrever, pois o vulgar freguês não tem provas. Enfim, lá fui resmungando com o estado do bairro sob a presidência da inacreditável Rute Lima (a cuja é também colunista do jornal da SONAE, o que mostra o tipo de gente que vem dirigindo o periódico). Pois apesar da descrença no PS ainda assim me espantava como era possível que um partido daqueles se atrevesse a descer tão baixo, promovendo gente desta laia para dirigir uma freguesia com mais de 30 000 eleitores no centro da capital.
Há 15 dias a TVI emitiu uma reportagem sobre as práticas da Junta de Freguesia dos Olivais, a qual por si só deveria ser letal. Mas nada se passou... Hoje emite uma segunda, ainda mais tétrica - isto vai ao ponto, entre outras várias coisas, de uma das vereadoras da Junta, a da Educação, ser diariamente abastecida de refeições distribuídas nas escolas para alimentar a sua família... Fazendo literal a velha expressão "tacho".
E tudo isto não é um defeito "local", da nossa freguesia: aliás, a presidente Rute Lima (a tal colunista do jornal de referência "Público") foi logo contratada para integrar a nova presidência da câmara de Loures, quando esta foi tomada pelo PS ao PCP, sinal de como é apreciada pelos seus correligionários. E a hipocrisia é ainda maior: vê-se na reportagem de hoje que a "presidente" da concelhia do PS (a ex-ministra Temido, que é militante daquele partido há uma dúzia de meses mas já preside...) a anunciar que o partido "acompanha com preocupação" os acontecimentos: não conheciam a presidente e sua equipa (há mais de uma década na freguesia)? A colunista do "Público" acumula Olivais e Loures sem que saibam de seu perfil e trote?
Deixemo-nos de rodeios ou hesitações: o PS é isto. Da morcã que confisca a alimentação escolar para a sua família (alargada) aos académicos e jornalistas socratistas que agora acampam na Cultura ou nas Obras Públicas. E a tralha entre eles. Pois já não é um partido. É mesmo só um Banco Alimentar. Para gente execrável.