O papel reforçado do Presidente
Marcelo Rebelo de Sousa correu um sério risco ao dissolver a Assembleia da República a pretexto do chumbo do Orçamento do Estado. Se desta ida às urnas resultasse um cenário de ingovernabilidade do país, mergulhando-o num pântano institucional, seria responsabilizado por tal facto. Afinal a sua leitura do xadrez político estava correcta: esgotamento total de soluções à esquerda, necessidade imperiosa de clarificação dado o impasse registado com o fim da geringonça, abertura de um novo ciclo com maior estabilidade.
Figura entre os perdedores do dia 30 de Janeiro? Não, muito pelo contrário. A partir de agora o Presidente da República reforça o seu papel como válvula de segurança do sistema político, assumindo um olhar vigilante sobre o Governo, enquanto o PSD tenta recompor-se deste novo fracasso eleitoral - tarefa que pode durar meses ou até anos.