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António Costa criou um pântano e acha que o conseguirá gerir. Na realidade, o PREC light que se anuncia implica desenvolver uma crispação que nada tem a ver com o país. Utilizará agressividade retórica e postiça, tomará por reféns os eleitores e a economia, vai minar a autoridade das instituições democráticas e ameaça transformar o debate político numa gritaria tola, como já se vê nas redes sociais.
O novo poder será precário, mas tentará usar a seu favor a reacção negativa dos credores europeus e dos mercados, levando a super-minoria do PS à segunda fase do plano: imitação do Syriza, com vitimização patriótica. Após seis meses de caos e de lusitânica bazófia, os socialistas tentarão culpar os outros pelo seu falhanço, fazendo-se eleger sobre ruínas. O plano parece perfeito, embora exija atirar borda fora a extrema-esquerda, algures num momento de maior drama, o que parece difícil, pois conta demasiado com a estupidez alheia.
Quatro anos de sacrifícios serão também malbaratados em poucos meses. Tudo isto revela irresponsabilidade e desejo infantil de vingança. Provavelmente, a corrida para o precipício terminará da pior maneira, com o PS irrelevante e cortado às postas, a economia de rastos, o país cansado da xaropada, talvez até com o segundo resgate à porta, o menu dos novos sacrifícios a ser lido, com ar severo, por uma troika qualquer. A ingenuidade de alguns, a cínica ambição de outros, a complacência e o espírito tribal conjugam-se desta forma perversa para lançar Portugal numa transição para nenhum futuro.
Vivemos num tempo de hipocrisia e adoração do efémero, onde os valores se esgotaram e já não passam de palavras esvaziadas, ao serviço de perdedores profissionais com sede de poder, que assim atraiçoam milhões de eleitores, devidamente aplaudidos pelos fracos de espírito e pelas claques devoradoras.