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Delito de Opinião

O PAN em serviços mínimos

Pedro Correia, 22.06.17

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Apetece-me perguntar: vale a pena termos um partido pleonasticamente intitulado Pessoas-Animais-Natureza? Um partido que nesta semana que se segue à morte confirmada de 64 pessoas, de milhares de animais e de um número incalculável de árvores nos dramáticos incêndios de Pedrógão Grande (entretanto alastrados a concelhos vizinhos, como Góis, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Ansião, Alvaiázere, Pampilhosa da Serra, Arganil, Penela, Sertã e Ferreira do Zêzere) devia ocupar-se e preocupar-se com particular atenção destas matérias.

Devia, mas não o faz. Consultando o sítio oficial do PAN na internet deparamos só com 32 palavrinhas sobre os dramáticos acontecimentos que enlutaram o País e estão a emocionar a Europa. Estas, que passo a transcrever: «Partilhamos os nossos sentimentos com todas as vítimas, amig@s e familiares, lembrando também os milhares de animais de companhia, de pecuária e selvagens, tal como o património ecológico que desapareceu nesta catástrofe.»

 

Nem um sussurro mais.

Neste seu sítio, o “Partido dos Animais” coloca a tragédia de Pedrógão no mesmo plano gráfico da notícia “PAN concorre pela primeira vez em Cascais nas autárquicas” (aqui num texto com 11 parágrafos) e preocupa-se em promover um “São João vegetariano”, marcado para amanhã no Porto.

Enfim, quase nada. É chocante verificar que uma força partidária tão apostada em promover e enaltecer os valores da natureza se limite numa situação destas a cumprir serviços mínimos, exprimindo sucintas condolências em duas linhas de comunicado. Sem um assomo de indignação nem um arremedo de perplexidade. Pior: sem a exigência pública de um apuramento rigoroso e exaustivo de todas as responsabilidades, doa a quem doer.

 

Mais chocante ainda por contrastar com vigorosas posições assumidas pelo mesmo partido. Há uns anos, por exemplo, quando espalhou pelo País cartazes exigindo o fim daquilo a que chamavam "barbárie dos circos". E num passado muito recente, ao insurgir-se contra a "cegueira ideológica" dos EUA na saída do Acordo de Paris ou quando dirigiu à ONU uma denúncia perante os "novos incumprimentos" de Espanha em relação à central de Almaraz.

Não sei se Donald Trump e Mariano Rajoy ficaram a par destas ruidosas proclamações do pleonástico PAN. Eu confesso-me muito decepcionado com a inesperada apatia do partido naturo-animalista perante o maior incêndio de sempre em Portugal, já registado como o 11.º mais mortífero ocorrido em todo o mundo desde 1900.

Em política, o silêncio também é uma forma de comunicação. Neste caso, o resignado e silencioso conformismo do PAN pesa como chumbo. E deve envergonhar muitos dos seus militantes.

6 comentários

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    Pedro Correia 22.06.2017

    Eu já embirro com o partido dos animais desde que li o 'Animal Farm', Luís.
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    Einsturzende neubauten 22.06.2017

    O Pedro, gosta é de pegas! ! Diga lá a verdade..... e não responda: "lá a verdade", por eu ter pedido para dizer, diga lá a verdade.
  • Ó De Einsturzende neubauten
    E porque é que lhes chama pegas? Porque são as do teto do Palácio de Sintra, calculo eu. Não será? É que o Pedro gosta muito de Sintra. Isso eu sei!
  • Sem imagem de perfil

    Einsturzende neubauten 23.06.2017

    Helena, não falava das rabudas. Mas atenção, também não falo sobre aquelas outras que de pegas fazem destino.
    Falo das de arena.
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    Pedro Correia 23.06.2017

    Eu de pegas rabudas gosto. São aves de sebes, presentes em qualquer jardim. Costumo vê-las no Algarve, com as suas longas caudas.
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