Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

O mistério da morte na auto-estrada (2)

Pedro Correia, 01.07.21

Permanece o mistério, 13 dias depois: a que velocidade seguia a viatura ministerial que a 18 de Junho, ao quilómetro 77 da A6, matou um cidadão português chamado Nuno Santos,que ali fazia trabalhos de limpeza e manutenção?

Enquanto o titular do Ministério da Administração Interna se refugia no silêncio, ontem circularam novas notícias acerca do tema. O automóvel oficial, marca BMW, «seguia a uma velocidade louca», segundo relato de uma testemunha ali presente.

A mesma testemunha garante que o ministro nem se dignou sair do carro.

Falta apurar se foi feito o teste do álcool ao condutor.

Na ausência de outras versões, para já, esta merece crédito.

Questiono-me sobre tudo isto.

 

Entretanto, fico perplexo com a disparidade do tratamento mediático desta tragédia comparada com outras, registadas por exemplo nos EUA: se o atropelado tivesse sido um qualquer cidadão norte-americano já estávamos há vários dias a ser bombardeados com imagens, com protestos, com manifestações.

Já sabíamos o nome da vítima de cor.

 

Aqui, nada. Nem protestos, nem imagens, nem manifestações, quase nem sequer o nome do falecido.

Como se fosse tabu ou pecado.

Como se a vítima não merecesse uma evocação póstuma.

Como se fosse conveniente varrer tudo isto para debaixo de qualquer tapete.

 

ADENDA: Treze dias depois, o ministro continua a dever explicações aos portugueses. Ontem o Presidente da República lançou-lhe esse repto. Mas ele recusou. Em directo, com o País a assistir.

110 comentários

Comentar post

Pág. 1/2