O mistério da morte na auto-estrada (2)
Permanece o mistério, 13 dias depois: a que velocidade seguia a viatura ministerial que a 18 de Junho, ao quilómetro 77 da A6, matou um cidadão português chamado Nuno Santos,que ali fazia trabalhos de limpeza e manutenção?
Enquanto o titular do Ministério da Administração Interna se refugia no silêncio, ontem circularam novas notícias acerca do tema. O automóvel oficial, marca BMW, «seguia a uma velocidade louca», segundo relato de uma testemunha ali presente.
A mesma testemunha garante que o ministro nem se dignou sair do carro.
Falta apurar se foi feito o teste do álcool ao condutor.
Na ausência de outras versões, para já, esta merece crédito.
Questiono-me sobre tudo isto.
Entretanto, fico perplexo com a disparidade do tratamento mediático desta tragédia comparada com outras, registadas por exemplo nos EUA: se o atropelado tivesse sido um qualquer cidadão norte-americano já estávamos há vários dias a ser bombardeados com imagens, com protestos, com manifestações.
Já sabíamos o nome da vítima de cor.
Aqui, nada. Nem protestos, nem imagens, nem manifestações, quase nem sequer o nome do falecido.
Como se fosse tabu ou pecado.
Como se a vítima não merecesse uma evocação póstuma.
Como se fosse conveniente varrer tudo isto para debaixo de qualquer tapete.
ADENDA: Treze dias depois, o ministro continua a dever explicações aos portugueses. Ontem o Presidente da República lançou-lhe esse repto. Mas ele recusou. Em directo, com o País a assistir.