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Delito de Opinião

O meu BdP

Helena Sacadura Cabral, 22.12.15

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Cresci como economista no Banco de Portugal e o que hoje sei devo-o muito àquela instituição onde servi - e gosto de utilizar esta expressão - durante mais de 18 anos. Trabalhei com vários governadores, de Jacinto Nunes a Silva Lopes, destacando apenas estes porque foram aqueles que mais me marcaram. 

Tenho um enorme orgulho de por lá ter passado, num tempo difícil e com a primeira intervenção da troika. Felizmente já não estava na casa à época de Vítor Constâncio, que apenas conheci como colega.

Entristece-me ver o que se está agora a passar com o actual governador que apenas conheci num contacto informal, resultante de um pedido que lhe fiz para ser recebida. Fiquei, confesso, com óptima impressão sua, apesar de saber que o problema que lhe pus não iria ocupar a sua atenção. Mas eu cumpri com o que entendia devia fazer e ele fez o mesmo recebendo-me.
O Banco de Portugal foi uma instituição que deu ao país, talvez, dos melhores economistas que tivemos. Hoje parece ter um enquadramento diferente daquele que tinha no meu tempo.
Mas se quisermos perceber, de facto, o que se passou na Banca desde o caso BPN, então teremos que ouvir mais do que Carlos Costa. Teremos que ouvir também Constâncio porque os problemas, a meu ver, começaram ainda no seu tempo e ninguém melhor do que ele para os esclarecer. 
Uma instituição não se degrada apenas pela política de um governador. Degrada-se por muitas outras razões mais. E uma Comissão de Inquérito sobre o Banif terá todo o interesse em conhecer como é que tudo começou. E estar atenta à CGD e à sua evolução, porque também ela poderá explicar alguns pontos desta brisa que varreu a banca nacional. 
A Comissão de Inquérito se quiser levar por diante um trabalho exemplar tem que andar para trás e explicar aos cidadãos contribuintes o que encontrou, o que se fez no passado e as razões que levaram o governo a entender como melhor solução salvar os depositantes, mas sobrecarregar aqueles que pagam impostos.

 

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