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Delito de Opinião

O método Costa

Pedro Correia, 03.03.21

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País legal e país real: uma vez mais, percebi como pode ser abissal a diferença entre uma coisa e outra. No sábado, que amanheceu soalheiro, as ruas, praças e jardins do meu bairro - Alvalade, em Lisboa - encheram-se de gente. A conviver, a "apanhar ar", a deter-se nos passeios, a espreitar as montras. A passear cães sem trela e trelas sem cães.

Acumulavam-se pessoas à porta dos mais diversos estabelecimentos: hipermercados, frutarias, papelarias, charcutarias, restaurantes a vender para fora, lojas de produtos para animais. Em ambas as entradas que dão acesso ao mercado, o melhor da capital, as filas agigantavam-se. 

O trânsito automóvel era contínuo. E frenético. Como numa vulgar manhã de fim de semana antes da pandemia. 

Uma amostra bem ilustrativa do que se passou no conjunto do País: nesse dia, cerca de quatro milhões de portugueses saíram à rua. Na véspera, tinham sido seis milhões.

Mandando às malvas o "dever cívico de recolhimento".

 

Enfim, um perfeito contraste entre o Portugal da propaganda e o Portugal que teima em antecipar-se ao Governo. Há um ano, enquanto António Costa hesitava sobre o rumo a seguir, as pessoas fechavam-se em casa, os pais retiravam os filhos das escolas, muitas empresas incentivavam os trabalhadores a optar pelo teletrabalho. Agora, fartos do "confinamento" pseudo-obrigatório, os portugueses saem de casa e deambulam por aí sem que ninguém os trave.

Ninguém diria que estávamos - e ainda estamos - em estado de emergência. Isso é pura ficção para entreter incautos e emitir mensagens "tranquilizadoras" nos telejornais. 

Dentro de dias, o Executivo fará o que fez em Março de 2020: ir a reboque da população. Desta vez em sentido inverso. Limitando-se a pôr chancela oficial no facto consumado.

É um método de governar. O método Costa.

 

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4 comentários

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    Pedro Correia 03.03.2021

    Essa polícia (municipal) não tem a menor autoridade para enxotar cidadãos pacíficos do espaço público.
    Nenhum poder, no Estado democrático que ainda somos, lhe reconhece autoridade para esse efeito.
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    Carlos Sousa 03.03.2021

    Um homem em Vila do Conde estava sozinho à beira mar...e depois veio a polícia... e também refilou...e depois veio a polícia de choque...e depois pagou a multa...e depois acabou a história.
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    balio 03.03.2021

    Sim, mas há, creio eu, uma diferença entre a polícia e as polícias municipais.
    Se a polícia lhe dá uma ordem, você tem mesmo que obedecer, porque a polícia segue as leis do Estado. Não sei se o mesmo é verdade em relação à polícia municipal, a qual segue algumas "leis" que o presidente de cada município decide, por seu livre alvedrio, impôr.
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