O major Kong, Putin e os seus capachos
O ditador de Moscovo ameaça sem rodeios os países vizinhos - incluindo nações neutrais, como a Finlândia e a Suécia - de agressão com armas nucleares, parecendo imitar o paranóico major "King" Kong do filme Dr. Strangelove, de Stanley Kubrick.
Bombardeia cidades e alvos civis indiscriminados, como aconteceu ontem em Carcóvia, a segunda maior cidade ucraniana - visando duramente, por trágica ironia, a emblemática Praça da Liberdade.
Provoca o maior êxodo de refugiados de uma nação europeia registado desde a II Guerra Mundial.
Declara sem a menor hesitação que a Ucrânia - país com mais de mil anos de história hoje com 43 milhões de habitantes, membro fundador da ONU e reconhecido pela comunidade internacional - não tem direito a existir como nação soberana.
Imita Hitler no seu criminoso expansionismo imperial, tornando-se neste momento a maior ameaça à paz não apenas no continente europeu mas à escala global.
Edifício do governo regional em Carcóvia, segunda maior cidade ucraniana, após ser bombardeado
(foto: Associated Press)
No campo político, sofre desaires após desaires.
Teve de recorrer ao veto para evitar in extremis os efeitos práticos da condenação da esmagadora maioria de membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, sem um só Estado a alinhar com Moscovo.
Viu o seu ministro dos Negócios Estrangeiros humilhado em Genebra quando quase todos os diplomatas presentes na conferência sobre desarmamento da ONU abandonaram a sala, recusando ouvir Serguei Lavrov.
Enfrenta um processo, já iniciado, por crimes contra a Humanidade no Tribunal Penal Internacional.
E acaba de sofrer uma duríssima derrota no Parlamento Europeu, reunido em sessão plenária extraordinária, onde a agressão da Rússia à Ucrânia foi condenada por cerca de 94% dos eurodeputados: 637 aprovaram uma resolução condenatória, 26 abstiveram-se e apenas 13 votaram contra.
Entre esses 13, incluíram-se os dois eurodeputados do PCP, que se comportaram neste palco internacional como capachos de Moscovo. Ao lado do agressor contra o agredido. Entre o verdugo e a vítima, escolheram o verdugo. De braço dado com alguns representantes da mais rançosa extrema-direita ali sentada.
Chamam-se João Pimenta Lopes e Sandra Pereira.
É importante que os nomes sejam destacados, para que não fiquem confundidos numa nebulosa imprecisa. E para que nenhum deles tente um dia mais tarde fingir que nada disto aconteceu em Bruxelas a 1 de Março de 2022.