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Delito de Opinião

O jantar

Paulo Sousa, 27.11.22

Mesmo sabendo que os Impérios estão fora de moda, o nome do restaurante não assustou. Até porque a laje maciça de uma icónica sala de cinema de Lisboa transformada num Shopping de bênçãos, garantia uma protecção efectiva.

O encontro estava marcado para às 20:00 e os que apareceram foram praticamente pontuais.

Logo depois da entrada, ao fundo da sala, os ingleses tentavam, sem sucesso, sacar três pontos aos norte-americanos. O ditado não é velho, mas podia ser: não há relações especiais, sem vendavais.

Jantar DO.jpg

Foto Pedro Correia 

A acompanhar uns bolinhos de bacalhau, para uns, e uns pastéis de bacalhau, para outros, conforme a latitude de origem, vieram as primeiras imperiais. Uma, mal-empregada, perdeu-se por culpa do Isaac Newton. Coitado, é sempre ele que paga as favas. Felizmente a intendência foi previdente e imperial desaparecida em combate foi instantaneamente reposta sem haver tempo para a ansiedade da espera.

Entre os bifes, o polvo e o bacalhau, falou-se das abissais diferenças, mesmo grandes, entre Guimarães e Braga, dos comunas do Seixal, da coproiética do governo do PS, do gume arrombado da acutilância de Marcelo e de uma prenda, que seria como que a versão actualizada da embaixada de Dom Manuel enviada ao papa e que quase se extraviou. A problemática da antevisão do futuro a partir de uma folha de cálculo foi abordada quando o jogo da bola acabou.

Depois falou-se da produção de conteúdos do canal público, do mercado das transferências dos bloggers e respectivas cláusulas de rescisão, e também de uma segunda antologia do Delito. Mesmo antes da sobremesa o assunto mudou para as colunistas de esquerda, umas vistosas e ríspidas, e, outras ou as mesmas, vistosas e insípidas.

Por unanimidade foi aprovada uma moção de desconsolo perante a igualmente unânime ausência de senhoras à mesa. Algo sem explicação. Tudo bons rapazes, educados sem serem snobes, razoavelmente cultos e quase, quase, apessoados. Na próxima vez vou sugerir a constituição de uma Boys Band. Delito Boys. Nem soa mal!

O serviço cumpriu, mas por este andar só quem falar estrangeiro é que, em Lisboa, se safa como freguês .

Depois dos cafés chegou o carro-vassoura e as despedidas foram já na rua. Depois de uma cigarrada, e só não fumou quem não quis, combinaram-se as boleias e nesse preciso instante começou a contagem até ao próximo jantar do Delito de Opinião.

Foi um óptimo convívio. Um abraço a todos.

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