Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Delito de Opinião

O homem que inventou o Natal.

Luís Menezes Leitão, 24.12.17

 

Apesar de não apreciar filmes sobre a época natalícia, senti curiosidade em ir ver o filme "O homem que inventou o Natal", sobre o processo que levou Charles Dickens a escrever "Um conto de Natal", uma das suas obras mais conhecidas. Não dei o meu tempo por perdido. O filme é absolutamente magnífico sobre a dor criativa do autor no processo de gestação e parto da sua obra. Tal como os fantasmas do Natal, as suas personagens vão surgindo à sua procura, como bem descreveu Pirandello, e o autor vê-as ganhar vida própria, tem dificuldade em as matar, e acaba por aceitar os seus ditames. Mas, ao mesmo tempo, vai modificando as personagens, permitindo-lhes revelar dons que não apareciam na sua versão em bruto. 

 

E os actores são fabulosos. Dan Stevens é uma verdadeira revelação no papel de um Charles Dickens, cuja história pessoal de trabalhador infantil o faz compreender os dramas da "incrível miséria da classe operária", que o seu círculo londrino pretende ignorar. É por causa desse círculo londrino que cria a personagem de Scrooge, admiravelmente retratado por Christopher Plummer, uma homem intrinsecamente mau, mas que o espírito natalício acaba por conseguir modificar. E assim vemos surgir, linha a linha, folha a folha, ilustração a ilustração, a obra-prima "Um conto de Natal". Escrita em seis semanas, com a primeira edição esgotada em seis dias, mudou para sempre a forma de celebração do Natal em todo o mundo. Um filme que é uma bonita homenagem a um autor célebre e a uma obra extraordinária.