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Delito de Opinião

O Funeral da Rainha e o Futuro

jpt, 19.09.22

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Sentei-me a ver o funeral "da" rainha. Zapping - estações árabes (Aljazeera), "europeias" (Euronews), espanholas, francesas, britânicas (claro), norte-americanas, alemãs, portuguesas, italianas e decerto que tantas outras, às quais não tenho acesso, mundo afora a transmitirem o funeral em directo. Quando a rainha nasceu a Grã-Bretanha era o maior império do mundo e quase ainda se poderia dizer a "Rule Britannia, (Royal Navy) rule the waves". Não é o caso agora, o país e sua "armada" algo secundários - mas menos do que poderá parecer aos distraídos, mostra-o o espantoso impacto mundial do dia de hoje.
 
Impressiona-me a enormidade e o rigor de todo este aparato mortuário, uma riqueza simbólica cuja miríade de detalhes, decerto que desejavelmente significantes, me escapam. Uma monumentalidade faraónica, exclamo sem o mínimo menosprezo, nesta atenção longamente planeada pela transição para um Além. Um Além que é, crenças religiosas à parte, o Futuro, este pensado como corolário de uma continuidade, transportada em marcha lenta mas nunca imóvel.
 
Quem se recusa a entender isto, entrincheirado em questões de "regime" ou em atoardas politiqueiras, nada entende de política. E de cidadania. Li há dias que um pobre "mestre de pensamento" português, de extracção enverhoxista ou quejanda, clamou ser ter sido mais influente e frutífero Godard do que Isabel II. Como é que há gente que ainda lê e ouve este tipo de argumentação? Somos nós filhos/netos de Darwin, Dickens, Stuart Mill, Turner ou de Vitória? Isto será questão a colocar por quem pense política, História ou, pura e simplesmente, a vida? Então para quê aturar esta encenação? Não a da realeza. Mas sim a pobre encenação de um pensamento crítico...

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