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Delito de Opinião

O figurão

Pedro Correia, 15.05.19

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Anda agora muita gente indignada com as baboseiras de Berardo, que vai gozando à brava com o pagode - desde os tribunos de São Bento aos meretíssimos dos tribunais, passando pela banca que lhe foi prestando vassalagem sem cuidar da idoneidade financeira do figurão.

Mas convém avivar memórias: quando o indivíduo foi duas vezes condecorado por diferentes Presidentes da República ninguém soltou sequer uma palavra de perplexidade - começando por alguns patrões da imprensa, que andavam com ele ao colo. Quando perseguiu jornalistas que ousavam enfrentá-lo com histórias incómodas (e um deles chegou a ser destituído das relevantes funções que desempenhava num importante periódico português devido às pressões exercidas pela criatura junto da estrutura accionista), nem o mais remoto brado de indignação se ergueu. Quando fez um acordo leonino com o Estado para exposição pública dos quadros que acumulara, não faltaram basbaques em fila a elogiar-lhe o "gosto artístico". Quando se vangloriava de vinhateiro, logo surgia gente de cálice em riste a brindar com moscatel, entre mil hossanas em letra impressa ao putativo "mérito empresarial" do cavalheiro.

Tantos anos depois, ei-lo enfim sujeito às indignações da turba. Chegam tarde. E, em certos casos, tresandam a hipocrisia.

2 comentários

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    Justiniano 15.05.2019

    São o retrato de toda uma era, Pedro!
    Vamos ver os novos mitos que lhes sucederão, entretanto! (O Zeinal, por exemplo, antes de o ser já era. Foi-nos apresentado como a genialidade em pessoa. Outros foram adiantados como os grandes mecenas da cultura e do desporto. Os grandes filantropos e quejandos! Grandes encómios foram escritos sobre eles)
    São também o retrato da media de referencia e das suas referencias!
    É pena!
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