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Delito de Opinião

O "fascínio" das derrotas

Pedro Correia, 13.07.16

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Mesmo com a Taça da Europa já conquistada e exibida em Portugal, e com largos milhares de pessoas apoiando a selecção nas ruas das mais diversas cidades mundiais, de Paris a Díli, não passa um dia sem que as carpideiras de turno surjam nas pantalhas a bramir contra o "futebol feio" praticado pela equipa das quinas no Euro 2016.

Curiosamente, nenhuma dessas carpideiras nos indica qual terá sido o "futebol lindo" observado nos estádios franceses que sirva de modelo a Portugal.

Era bom que elucidassem gente como eu, incapaz de ver tão bem.

 

Na primeira linha dos disparos, o que não é inédito, figura um técnico de futebol: Manuel José.

Há pouco mais de 24 horas, na RTP 3, o português que chegou a brilhar no campeonato egípcio ultrapassou tudo quanto já dissera antes, proferindo esta declaração: "Dizem que jogámos futebol [no Euro 2016], não jogámos à bola. Então eu prefiro que se jogue à bola. Porque no fundo o que o povo quer é isso: ganharmos com qualidade. Se temos qualidade não podemos jogar um futebol medíocre. Quanto melhor jogarmos, aumentam as possibilidades de podermos ganhar. De vez em quando não ganhamos, mas isso é o fascínio que o futebol tem."

 

Admiro a ousadia destes comentadores que falam em nome do "povo", como Manuel José agora fez. Ignoro quem o mandatou como porta-voz dos portugueses, mas declaro desde já que não lhe passei procuração para falar por mim.

Eu, ao contrário dele, não sinto o menor "fascínio" em perder. Foi isso que sucedeu nos campeonatos da Europa durante mais de meio século: fomos perdendo sempre. Ou porque não atingíamos a qualificação para a fase final ou porque sucumbíamos à beira do fim, quase a atingir o objectivo.

Ao contrário do que sucedeu agora. Fascinante, para mim, é ganhar.

 

Quanto ao "futebol medíocre" a que alude Manuel José, lamento desiludi-lo, mas a UEFA não partilha da opinião dele.

Se partilhasse, não teria incluído dois golos portugueses nos cinco que seleccionou com vista à votação em linha que decorre para eleger o melhor do torneio: o de Cristiano Ronaldo contra o País de Gales e o de Éder contra a França.

Presumo que nenhum deles merecerá o voto de Manuel José. Mas garanto-lhe que é retribuído: eu também não votaria nele para seleccionador nacional.

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