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Delito de Opinião

O enigma da estagnação das artes

Luís Naves, 08.01.25

Um dos enigmas contemporâneos é a estagnação secular das artes no planalto pós-moderno. Da era clássica ao modernismo, sucederam-se movimentos e ruturas. Cada geração inventava uma nova maneira de escrever, de pintar ou de fazer música. A partir da II Guerra Mundial, as mudanças estéticas foram absorvidas num vasto bolo de gelatina. Há uma estimativa credível segundo a qual se publicam por ano mais de 2 milhões de novos livros, número de obras que inclui autopublicação, publicação digital, volumes anónimos, diferentes traduções. Desde a invenção da Imprensa, a contagem vai em 160 milhões de títulos, mas a aceleração na nossa época está a produzir quantidades que ninguém consegue absorver. A leitura é hoje para todos, mas a literatura continua a ser um interesse de minorias. As salas de concertos de música antiga estão cheias, não há falta de público, mas como se explica o marasmo na música popular nos últimos 50 anos? Aliás, podemos ouvir milhares de vezes uma obra que alguém do século XIX ouvia uma vez na vida, mas a música contemporânea não produziu nenhuma vanguarda escandalosa desde meados do século passado. Talvez isto seja também uma crise de espiritualidade, da nossa vida materialista e sem tempo para pensar.

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