De O Inconveniente a 13.12.2020 às 22:28
Permita-me lembrar aqui uma questão fundamental, que muita gente se tem esquecido.
O processo ainda não foi a julgamento. Até lá, não será de bom tom sentenciar na praça pública qualquer dos envolvidos.
Ou será que o in dubio pro reu só se admite quando o arguido é Sócrates?
Ninguém sabe o que aconteceu realmente, apenas se sabe que existe uma teoria do MP, que envolve 3 pessoas diretamente, mais uma indiretamente. E digo pessoas, não digo inspetores. Entretanto, essa teoria tem de ser provada em sede de julgamento. E se não for? Pelos vistos, o estado de direito não interessa para nada. Já toda a gente chegou à conclusão que o homem foi assassinado por 3 inspetores. Vamos a julgamento para quê? Para perder tempo? Para cumprir calendário?
Sobre isto ninguém fala. Nem aqui. Aliás, aqui já se fez o julgamento.
Mais injusto ainda, é colocar no mesmo saco todos os inspetores do SEF. Imaginem aqueles que não pautam os seus deveres por aqueles princípios. Imaginem aqueles que são rotulados de assassinos, de sanguinários, apenas porque partilham a mesma profissão que os 3 suspeitos. Suspeitos.
Não menos importante, agora parece que o SEF é uma associação de malfeitores. Até se coloca em causa a extinção. O diretor da PSP, qual abutre, já veio a terreiro dar soluções e disponibilizar-se para adotar o serviço.
Será que o seu antecessor em 1996 também sugeriu o mesmo, quando um homem foi decapitado num posto da GNR? Será que já não há decoro? Será que um episódio isolado é motivo para se massacrarem centenas de homens e mulheres, que até hoje, sempre fizeram um trabalho digno?
Ninguém fala nos 3 suspeitos, mas fala-se na extinção de centenas de inspetores, nos ministros, nos diretores.
Será que ninguém pára para pensar que aquela morte foi, à partida, provocada por 3 indivíduos. 3 indivíduos de maus princípios e valores. Que já os tinham antes da entrada no SEF. Não foi o SEF que os transformou. Não se pode por isso, colocar tudo na mesma panela e julgar-se todos pelos actos de 3.
Que o SEF precisa de reforma. Sim, precisa. Tal como precisam a PSP, a GNR, a PJ. Toda a justiça precisa de uma reforma. Mas uma reforma a sério. Não uma lavagem, que é o que se costuma fazer neste país.
De jpt a 14.12.2020 às 01:54
1. "Inconveniente" como é comentador habitual aqui (ou pelo menos é habitual lermos comentários com este "nome") saberá o quanto considero inconvenientes comentários anónimos, principalmente se opinativos. Um anónimo dito "inconveniente" traça a defesa pública (mesmo que apenas em comentário de blog) de um serviço estatal, e isso num texto longo. É espúrio.
2. Pior ainda quando parte daquilo que é tão típico dos comentadores anónimos: deturpa o que está escrito para contestar. Quando escreve "aqui já se fez o julgamento" é uma mera deturpação que faz. Ainda por cima de modo incompetente, pois é V. mesmo que aqui propala - como se provada - uma tese publicitada que foram "3 pessoas" que "entraram no SEF", ou seja que lá trabalham. V. sim, já fez o julgamento. V. sim, desvaloriza o "estado de direito", o curso de investigação/tribunal.
3. Em relação ao caso jurídico (ao julgamento) eu nada adiantei. E antes de escrever um longo comentário ao meu texto poderia ter lido com atenção ou, pelo menos, suspendido o afã em deturpar. Sobre os acontecimentos só posso ecoar o que li. E o que li foi que houve um assassinato, cometido em colectivo, no aeroporto por funcionários do SEF. E que um médico assistiu a vítima antes dela morrer, enquanto era seviciado. Sobre esse médico - a ser verdade isso - o que digo é que deveria ser "empalado", algo suficientemente exagerado para se perceber que é metáfora, de índole moral. Quanto ao resto nada avanço.
4. O que digo, e que lhe poderia interessar, concordando ou não - em vez de deturpar o que lê para se por a defender o SEF apenas porque sim - é que houve um enorme silêncio na sociedade (eu inclusive), nada parecido com o que há sobre tantos outros fenómenos, até no estrangeiro ou menos graves. E que houve uma falta de solidariedade com a família que abarca um alargado feixe de instituições portuguesas. E que os políticos portugueses se comportaram vergonhosamente. É esse o tema.
Quer encontrar assunto para defender as "pessoas" que trabalham no SEF? Tem direito para o fazer. Mas faça-o de modo competente, e não desta forma atrapalhada que aqui ensaiou. Elas, se o lerem, agradecer-lhe-ão muito mais se assim for.
De O Inconveniente a 14.12.2020 às 07:29
Meu caro, respondendo ao seu comentário:
1 o meu comentário não serviu para defender coisa nenhuma. Apenas tentei dar um ponto de vista diferente e que não tem sido abordado. Quanto a ser espúrio, não foi mais nem menos do que o que o senhor escreveu. A minha legitimidade como O Inconveniente, não é maior ou menor do que a sua. Não é por assinar o seu nome, que as suas palavras ganham um significado, ou um valor melhor, ou pior que as minhas.
2 quando escrevi que aqui já se fez o julgamento, não me referia direta e exclusivamente a si. Referia-me a vários comentários já publicados antes, noutros posts sobre o assunto. Tenho-o como alguém informado no que respeita a estes assuntos e principalmente em questões éticas, por isso jamais o colocaria no papel de julgador. As palavras não foram dirigidas a si.
3 sobre a sua opinião do médico em causa, ou dos inspetores envolvidos, apenas quis fazer notar, que nada está provado. Poderá vir a estar, mas ainda é prematuro. Compreendo que o caso causa revolta, mas essa revolta deve-se precisamente à falta de decoro de tanta gente que opina sobre o mesmo. E essa falta de decoro resulta num juízo de valor. Nada contra em dar opiniões, mas quando o caso ainda se encontra em fase de inquérito, seria aconselhável, sempre, colocar a palavra se, antes de qualquer afirmação.
4 como disse, eu não defendi o SEF. Eu apenas lembrei que fazer o justo pagar pelo pecador, não é correto. Não é correto correr toda uma instituição de assassinos, pelos atos de 2 ou 3 membros. É que se optarmos por esse caminho, vamos ter de acabar com imensas. E sim, essa postura não é justa para com os outros.
Para terminar, a forma como os políticos lideram com o assunto não foi a melhor. Tal como não tem sido a melhor, a forma como os opinadores o fazem.
Tentei fazer ver que não é com demissões e extinções que o problema se resolve. O problema resolve-se com a melhoria do ser humano, com uma política de admissões competente. E essa política é fraca em todos os serviços de segurança. A aposta no indivíduo agente da lei, é pobre. O elitismo que graça nas nossas forças de segurança é desatualizado. O sistema de segurança é inadequado às necessidades actuais. E isso reflete-se na pobreza de valores de quem faz parte deste sistema. Um sistema feito de elites, para elites. O problema é que essas elites não se colocam numa situação destas. Estão sempre protegidos pela secretária, por todo um sistema que os protege e nunca os coloca em situações destas. As elites que mandam, que têm a formação, que têm as mordomias e um sistema que as protege, estão sempre distanciadas de quem dá a cara e se sujeita ao escrutínio público. E quem sofre é o cidadão... sempre.
De jpt a 14.12.2020 às 09:06
1. Não vou repetir nesta caixa o tanto que tenho falado sobre o quão pouco curial é debater/conversar (ou seja, bloguismo) sem nos apresentarmos primeiro. Isto aqui não é diferente da vida real. De outra forma, V. pode passar na cerca do meu jardim e dizer-me "que belas rosas!" e seguir, não haverá grande problema. Mas se me aparecer a invectivar sobre determinada planta que eu plantei por não ser esta indígena e ser nociva ao equilíbrio endógeno então, sff, apresente-se.
2. ainda bem que não se dirige a mim no seu "aqui o julgamento está feito". Teria sido mais produtivo dizê-lo, pois mais perceptível. Não mudaria o que penso da sua elaboração - reduzir o acontecimento a más práticas de (3) indivíduos, o que me parece escasso, ainda que eu não defenda qualquer caça às bruxas; e (hélas ...) me parece antecipar os resultados de investigação e posterior julgamento. Mas que teria impedido a reacção de considerar deturpado o meu argumento.
3. Eu não digo que todos os funcionários do SEF são isto ou aquilo. O que sei é que houve um assassinato, muito provavelmente involuntário, praticado de modo colectivo num local de extrema visibilidade. E que isso denota, obviamente, um ambiente institucional. E, muito provavelmente, uma cultura institucional, de funcionamento e de encobrimento. E não disse explicitamente - mas julgo que se pode depreender -, é que tanto tempo sem alterações profundas demonstra um imobilismo político-administrativo que não indicia virtudes para a sua renovação. (Especialmente quando a praticamente apenas simbólica mudança de comando implica a ascensão do anterior vice-director).
De O Inconveniente a 14.12.2020 às 10:12
Agora sim, colocou a questão mais pertinente de todas. O que fazer perante o imobilismo político. No entanto, nunca esquecendo do porquê deste imobilismo. E também, do porquê de haver tanta resistência à mudança. O caso SEF é apenas a ponta do iceberg. Aconteceu desta vez no SEF, mas já aconteceu antes noutras forças de segurança. Numas resultou em morte, noutras em sequelas graves e permanentes. E mais uma vez, a classe política opta por substituições inócuas, do que em realizar mudanças profundas, num mundo que necessita urgentemente de progresso.
Na minha atividade de consultoria, sou obrigado a conhecer com alguma profundidade a realidade da segurança interna. No caso nacional, o meu estudo serve apenas para comparação, pois o nosso país não tem a cultura de solicitar estudos externos. As polícias nacionais acham-se demais para pedir opiniões externas. Porque simplesmente não lidam bem com a crítica e têm medo que se coloque a nu as suas fraquezas e as suas mordomias. E infelizmente, os exemplos portugueses servem apenas para mostrar como não se deve fazer. Obviamente que poderão contrapôr com o facto de sermos considerados o 3 país mais seguro do mundo. Uma falácia. Um argumento que a classe política utiliza para se manter inoperante. Esse foi um estudo que não utilizou como matéria de estudo as variáveis certas. Utilizou apenas as convenientes.
Mas adiante. A classe política tem medo de mexer na porcaria. E a questão das polícias, não só o SEF, é uma chafurdice, que só não tem consequências ainda mais desastrosas, porque o português ainda é um povo de brandos costumes. Mas caminha para o precipício. E só não caiu, porque o terrorismo ainda não nos bateu à porta. Porque não bateu? Pergunta interessante. Porque o nosso sistema legal é-lhes útil. Quando bater, veremos como a segurança deste país é incompetente e amadora, cheia de tachos, guerras de quintas e de bastidores, e egos desmesurados.
A segurança interna não está virada para resultados, nem para as pessoas. Está virada para a propaganda e para a estatística, de forma a alimentar a propaganda.
O SEF é uma gota no oceano da segurança interna. E este episódio não vai ser considerado suficientemente importante para mudar o status quo. Deveria ser. Mas apenas vai mudar o nome A pelo nome B. Típico.
De jpt a 14.12.2020 às 12:47
Inconveniente
eu não conheço - como V. - esse universo. Mas pelos vistos estamos muito de acordo do que o princípio destes comentários anunciava: há um ambiente social e um cultura de poder político-administrativo que possibilita situações destas.
De O Inconveniente a 14.12.2020 às 14:02
Sem dúvida. A maioria dos países europeus assenta numa base policial dual. Ou seja, tem duas polícias idênticas, mas de natureza diferente. No fundo acaba por ser uma questão cultural e histórica e nada eficaz.
Aqueles mais evoluídos e mais preocupados com os resultados, optaram por fundir as forças policiais numa só, como a Alemanha, ou manter ambas, mas separadas por competências, como a Holanda. Já os latinos, Portugal, Espanha, França e Itália, mantêm o sistema dual, dividido por área territorial.
Em Espanha e França, a divisão até está mais ou menos bem assente. Partilham um supervisor e partilham várias valências técnicas, nomeadamente informações e bases de dados. Em Espanha até se compreende, fruto das divisões territoriais já existentes, em França é cada vez mais inadequado e a Gendarmerie, na opinião de muitos entendidos com os quais me relaciono, tem os dias contados, na sua natureza atual. Itália e Portugal é a confusão total, não é apenas um sistema dual. É um sistema plural, onde pululam dezenas de entidades com carácter de polícia. Mas em Itália ainda vão partilhando, em Portugal é uma guerra interna. Ninguém partilha, cada polícia tem a sua base de dados, cada polícia faz os seus ajustes diretos e contratos de forma individual, andam constantemente a minar a outra, de forma a ganhar mais tachos, mais poleiros. Andam sempre atrás de mais poder e mais protagonismo. Não estão virados para o resultado, para a segurança pública. Apenas estão preocupados em manter as quintas, em ficar bem na fotografia e em ganhar protagonismo... publicidade.
Num país minúsculo, é um absurdo tanta polícia. Quando, invariavelmente, dão a duas as competências que dão a todas as outras. A ASAE tem a sua competência, mas a PSP e a GNR também a tem, por exemplo.
Urge uma reformulação a sério. Mas isso vai extinguir muito tacho, muito quadro superior que deixa de ter razão de existir. E esses é que têm o poder. Esses é que estão com os políticos e que os influenciam e lhes omitem ou passam apenas a mensagem que lhes interessa. E claro, prestam-se a fazer o jogo sujo que os vai segurando. A postura das forças da lei neste período de convid é um bom exemplo disso. Correção, dos comandantes das forças da lei.
De Anonimus a 14.12.2020 às 11:01
Vou meter a colher para referir um ponto: a perda de uma vida humana é claro, o mais execrável neste episódio mas, do ponto de vista da cidadania há duas notas ainda piores:
1) o assumir que este caso não é único (caso contrário não seriam precisos botões de pânico)
2) o encobrimento. Pior que um acto condenável é tentar escondê-lo e não os responsáveis à Justiça
De jpt a 14.12.2020 às 12:45
Anonimus, instalar botões de pânico é o desatino total, a demissão total. É inenarrável como alguém propõe isso e como alguém acima deixa passar.
De O Inconveniente a 14.12.2020 às 13:28
O botão de pânico é mais uma medida absurda que em nada resolve os problemas. O problema é humano e estrutural.
Em Portugal existe apenas uma entidade que nasceu para cuidar de presos e detidos. A Guarda Prisional. A única solução passaria sempre por colocar os detidos, todos eles, sob alçada da GP. Mas isso não interessa muito, porque isso traduz-se em meios humanos e em centros de detenção que não existem.
Os detidos efetuados pelas forças de segurança, que aguardam primeiro interrogatório judicial, por exemplo, ficam sob supervisão da polícia que procede à detenção. Nada mais errado. O correto seria a criação de centros de detenção distritais, sob responsabilidade da GP. Nunca poderia a polícia que executa a detenção, ficar com a responsabilidade da mesma. Deveria ficar sempre sob a responsabilidade de entidade externa, cujos elementos não teriam nada a ver com o suspeito e com formação adequada e exclusiva para o efeito.
Não tem lógica o detido feito pela GNR, PSP, PJ, ou SEF, ficar sob responsabilidade dos mesmos. Sem formação adequada, se condições, nem meios para os cuidar.
Por isso, botões de pânico? Não brinquem com coisas sérias.
De Francisco Almeida a 14.12.2020 às 19:19
"(Especialmente quando a praticamente apenas simbólica mudança de comando implica a ascensão do anterior vice-director)."
Parece ter~-lhe escapado que o SEF tinha dois subdirectores. O escolhido para - dizem - organizar a reestruturação é um boy do PS sem nada de distinto no currículo mas que tinha como responsabilidade funcional as instalações do Aeroporto onde o crime ocorreu.
Por qualquer ponta que se pegue, fica ainda pior!
De jpt a 14.12.2020 às 19:23
não me escapou. pura e simplesmente é corolário de tudo o resto.
De Anonimus a 14.12.2020 às 08:57
Como diria o nazi das sopas, no hashtag for you.
Os direitos humanos, como a ecologia, economia, ou pandemia, depende de grupos de pressão. Fez-se por cá mais barulho por agressões em esquadras ou rusgas do que por este caso. A diferença estava na vítima. O ucraniano não tinha quem berrasse por ele. Não era de uma minoria ou de uma espécie ameaçada. Até o Zico teve mais atenção
Do Presidente Marcelo nada de novo, burro não é, e isso de mexer em vespeiros é coisa de urso.
Uma ideia, proíbam os comentários que não sejam de utilizadores registados. Se os asnónimos não são recomendáveis, fechem a porta do estabelecimento às suas opinações.
De jpt a 14.12.2020 às 09:38
Anonimus:
1. Sobre a primeira parte do seu comentário atrevo-me a repetir a ligação ao meu postal de Junho, no qual poderá ver o quanto concordo consigo:
https://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/do-minnesota-a-portugal-115872522. Quanto aos comentários, questão antiga e recorrente: a proposta que faz não é descabida mas afronta um pouco a cultura do DO (falo como membro recente do "clube"), conversacional e dialogante. E daria um ar "pesado", "institucional", cortaria uma salutar espontaneidade. O que penso sobre isto já o disse ene vezes, e mostrei-o no exemplo floral nesta caixa de comentários: o anonimato potencia (no DO, no qual o ambiente é plácido, mas noutros sítios é muito pior) atitudes menos dialogantes: a pirraça, o cutucar por cutucar, que é descabida num blog sem agenda e heterogéneo nos seus membros; e, muitas vezes, o deturpar do conteúdo dos textos para os criticar. E estas atitudes, ainda que não sendo universais nos comentadores aqui, são incrementadas pelo anonimato. Pois quando alguém assina - independentemente de nós não sermos personalidades públicas, reconhecíveis no supermercado - tende a ser mais ponderado, menos "arisco", contundente que seja mas não deturpador.
Ou seja, não deve ser o blog a exigir qualquer registo. Mas sim as pessoas a exigirem a si-próprias comportamentos curiais. Mesmo que radicalmente discordantes, que isso é outra coisa.
De Anonimus a 14.12.2020 às 10:56
1. se fosse pessoa de humor negro, diria que fica patente a diferença na velocidade da justiça. O Americano ficou feito em 8 minutos, o ucraniano morosamente durou umas horas. Eu nem sou muito de pedalar as modas das coerências, mas a diferença de tratamento, ou reacção, é surreal. Deveria envergonhar certos paladinos do progresso e humanismo. Mas afinal, abri o dia a ouvir o Sec-Geral do PCP a dizer que "demitir ministros não resolve nada", pelo que o melhor é mesmo aplicar a norma imortalizada pelo Pimenta Machado.
2. quanto a este assunto, regras são impostas pela casa. Isso do anonimato vale o que vale, se calhar o Lavoura é menos anónimo do que muitos que colocam registo. Agora, atacar um comentário pegando pelo anonimato, não acho que seja correcto. O conteúdo, a forma, seja o que for. Até porque se nota por vezes a aversão ao anonimato apenas quando a opinião diverge. Se os anónimos são para desprezar (na óptica de deascartar), que o façam na totalidade.
De jpt a 14.12.2020 às 11:46
Anonimus
2. V. tem alguma razão: se alguém aqui aparece anonimamente a dizer "jpt tu és o maior da cantareira" eu sorrio e encolho os ombros ao anonimato, que nisto do vanitas vanitatum et omnia vanitas não sou diferente de tantos outros. Mas não é só isso. E se regressar ao que eu já botei sobre isso (nesta caixa de comentários - e também ao longo dos anos) far-me-á o favor de conceder que não me restrinjo a isso. Trata-se de reconhecer, entre a mole de comentadores anónimos habituais (e alguns provavelmente esporádicos) um acinte que é algo despropositado. E, acima de tudo, uma tendência para a deturpação, até caricaturização, do que os bloguistas escrevem para basear as contraposições. Insisto, é de bom tom apresentarmo-nos quando conversamos. Mas acima de tudo a identificação serve de filtro (até inconsciente) que matiza esse viés. Que é desagradável. Que traz uma acidez desnecessária às conversas. Pode haver imensa discordância, até "pancadaria". Mas esse fel, essa "pirraça" como lhe chamo, é improdutivo.
Eu dou-lhe um exemplo, um postal que fiz em Junho passado, cujas reacções me levaram a deixar durante meses de responder a comentários aqui (faço-o nos poucos no meu blog e imenso no meu mural de FB onde coloca as ligações aos postais): em pleno pós-confinamento mas ainda num ambiente muito tenso devido ao Covid fui ao hospital distrital do concelho vizinho ao sítio onde me confinara com minha filha, em quinta de amigo. Ela sentira-se mal, é bastante asmática (e na época ainda havia a ideia que isso era um importante factor de risco). Foi, sem dramas, angustiante. Narrei a ida ao hospital. Disse que tudo correra como me fora previsto por médica amiga, que o tratamento decorreu normalmente (não era coisa grave, felizmente). Aludi à falta de condições para receber em espaços exteriores os acompanhantes (dezenas de pessoas em pé ao sol). E que na sala de espera os doentes não cumpriam as recomendações de distanciamento social.
As reacções aqui, anónimas claro, foram inacreditáveis: desde me chamarem "chulo" por estar em casa de amigo a imprecações por não ter eu outras disponibilidades financeiras que me eximissem de recorrer à saúde pública, veio de tudo. E, noutro registo, vários doutros anónimos (destes residentes, alguns se calhar até já nesta caixa de comentários) invectivando-me por estar a condenar o SNS, como se defendesse eu ali o seu fecho, uma total deturpação do que eu dissera. Naquele contexto, moral, naquela época intensa e dura para todos, que me preocupava como pai, irmão, filho, esses comentários (que eram muito similares ao habitual que recebia no DO desde há muito) repugnaram-me, num "para quem estou eu a escrever? com quem convivo eu?". Mesmo. Mas percebi-os também como algo estrutural. Não são todos os comentários anónimos. mas muitos sao só este fel. Que é, acima de tudo, descabido.
Quanto ao célebre Lavoura, já faz parte da nossa paisagem ...
1. Quanto ao 1, que é isso que eu abordei aqui: o silÊncio diante deste caso é global. Terá excepções mas é transversal. E, como friso no postal, mesmo este jpt, que bem pode pensar que é maior da cantareira, só pegou no caso para bater na palhaçada racialista.