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Delito de Opinião

O complexo Silas

jpt, 04.01.23

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Lembrar-se-ão os sportinguistas - e os mais atentos às coisas do futebol: em inícios da época de 2019/2020 o Sporting despediu o treinador holandês Keizer e pouco depois contratou Jorge Silas, recebido como verdadeira solução pois crido como "the next big thing". E quem disto se recorda saberá, com toda a certeza, o que desde então foi acontecendo no clube.

Em Janeiro de 2022, após a ruptura entre o PS e os dois partidos comunistas que sustentavam os seus governos, houve eleições legislativas. Apesar das crises, económicas, sanitárias e políticas, e das previsões tão anunciadas pelas sondagens eleitorais, os socialistas ascenderam à maioria absoluta enquanto o PSD tinha um resultado descoroçoante para os seus apoiantes e surpreendente para a generalidade. A isso se seguiram dois factos inusitados: a conclusão da contagem de votos e concomitante empossamento da nova Assembleia da República, e o do governo dela emanado, foi atrasada em meses, algo devido à imprudente inépcia do Presidente da República que havia dissolvido o anterior parlamento sem acautelar a legalidade dos procedimentos eleitorais; e o peculiar presidente do PSD resistiu à tradicional demissão das lideranças políticas aquando de grandes derrotas eleitorais, marcando eleições internas para apenas quatro meses depois, nas vésperas do remanso do veraneio nacional. Ou seja, entre a dissolução parlamentar de 2021, a instauração do novo governo no início de Abril e a recomposição do maior partido da oposição passou um período da gestação humana. Entretanto iam chegando ecos e efeitos do que "lá fora" ia acontecendo: o estertor pandémico, a crise energética, a guerra russo-ucraniana, etc.

Correu o Verão soalheiro, as gentes foram à praia já sem obrigatoriedade de máscaras e chinelos, e nisso com os ansiados turistas estrangeiros. Depois chegou o Outono, sem covid mas com inflação. Entrou-se no Inverno, e até já mudámos de ano. As atrapalhações do governo são evidentes, tantas que fazem esquecer inenarráveis factos passados como a incapacidade intelectual (assumida em tribunal) do ex-ministro Azeredo Lopes ou os sucessivos desastres do seu antigo colega Eduardo Cabrita... Pois trata-se agora da constatação de uma evidente falta de rumo (de "projecto" substantivo se se quiser dizer isso) governativo. E de graves casos de desmandos, como o do braço direito do Primeiro-Ministro Costa, obrigado a demitir-se, das aquaplanings do seu delfim "Pedro Nuno", e da óbvia fragilização dos ministros das Finanças e dos Negócios Estrangeiros. E ainda nem sequer chegámos ao Dia de Reis...

Ontem na televisão (RTP3?) alguém do PSD - escapou-se-me o nome - repetia que neste momento os portugueses estão é preocupados com o custo de vida - com "o que levam para casa para pôr na mesa" - nisso enfatizando a despreocupação ou mesmo fastio desses mesmos portugueses com a oposição política e parlamentar. Quanto ao resto, e para além de uns dichotes - fogachos, como se diz na bancada -, nada dali se ouve. Nada se vê sobre modelos tácticos, planos "B", reforços no plantel, argúcia nas substituições, eficiência de "olheiros" (agora ditos "scouting"), associações com empresários, etc.

Não haja dúvida, passado tanto tempo, e antes das revoadas de "lenços brancos", é já altura de dizer ao presidente Frederico Varandas aquilo que é óbvio: Jorge Silas não está a vingar. É um erro de "casting".

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