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Delito de Opinião

O comentário da semana

Pedro Correia, 30.08.14

«A norma, bem ou mal, fez-se em 1911. A questão deveria ter ficado terminada aí; não ficou porque o Brasil, com o seu habitual chauvinismo, não gostou de ser excluído de tal questão por um país soberano que estava a legislar sobre assuntos internos. Desde então se tenta fazer o impossível, isto é, unificar a ortografia de dois países que continuarão a mudar a ritmos diferentes e que têm díspares níveis de alfabetismo, com todas as consequências que isso causa na estabilidade da norma - no caso do Brasil, com um vertiginoso nível de analfabetismo funcional, onde se escreve como se ouve, isso significa que a ortografia será sempre mais instável do que num país razoavelmente alfabetizado como Portugal, pelo que nenhuma norma pode servir ambos países ao mesmo tempo.
Todos os acordos desde o de 1911 têm sido inúteis e nocivos; apenas resultam na obsolescência de manuais escolares e livros e em gastos de actualização de milhares de palavras em montras, repartições, estabelecimentos, ministérios, etc., pelo país fora. Quanto se gastará, por exemplo, a converter cada Direcção-Geral numa Direção-Geral? Quem fez estudos sobre isso? Qual será a factura? Alguém quer saber, alguém se interessa por isso?
Melhor teria sido se cada país tivesse aceitado que, estando separados geográfica, política, cultural e economicamente, as suas normas seguirão por sendas diferentes, a ritmos diferentes e ao sabor dos condicionalismos que cada um tem de enfrentar, e que não havia nada a fazer senão respeitar a diferença de cada. Nada mais justo, nada mais tolerante. Mas justiça e tolerância não são virtudes estimadas pelas elites políticas luso-brasileiras.»

 

Do nosso leitor Miguel. A propósito deste meu texto.

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