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Delito de Opinião

O comentário da semana

«Às vezes tem-se tudo em termos materiais mas nada em termos afectivos»

Pedro Correia, 03.11.25

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«Há, de facto, "muita tralha na internet", que tende a atingir os teoricamente mais vulneráveis a certos conteúdos: as crianças e os jovens.

Já não restarão grandes dúvidas de que a actual geração de jovens portugueses está dependente das redes, ditas, sociais; vive como que “anestesiada” para as mesmas e para os jogos online, consumindo diariamente abundantes conteúdos difundidos por esses meios de comunicação virtual. E o problema está exactamente no virtual, que não é o mesmo que real.

 

A alienação proporcionada pelos meios tecnológicos é gritante para muitos desses jovens que, diariamente, repetem a mesma prática: absortos do que se passa à sua volta, não procuram interagir com o grupo de pares, nem se mostram disponíveis para encetar qualquer relação de proximidade social ou afectiva.

O seu mundo está, muitas vezes, circunscrito a um aparelho tecnológico, as interacções, se as houver, serão meramente virtuais. A (falsa) sensação de segurança, proporcionada por tal “zona de conforto”, fá-los remeter-se ao silêncio, tornando-os prisioneiros de uma implacável solidão.

Muitas vezes, os “amigos” não são reais, nem materializados. Cria-se a ilusão de que se está acompanhado, mas não se estabelecem relações interpessoais naturais, assentes na interação presencial.

Coleccionam-se “amigos” como se fossem troféus, as companhias são muitas vezes efémeras e os companheiros ilusórios: fantasiar ou idealizar relações não é o mesmo que vivê-las e experienciá-las na vida real.

 

E onde andam as figuras parentais desses jovens? Em muitos casos estão ausentes, ainda que essa ausência nem sempre seja física.

O abandono afectivo e emocional a que muitos jovens são sujeitos pelas respectivas famílias também contribuirá fortemente para a sensação de desnorte, de desorientação, de pessimismo, experienciada por uma parte significativa dos mesmos. Às vezes, tem-se tudo em termos materiais, mas muito pouco, ou praticamente nada, em termos afectivos…»

 

Da nossa leitora Paula Dias. A propósito deste texto do JPT.

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