O comentário da semana
«É facto insofismável a contribuição dos judeus para o melhor da civilização»

«Filo-semitas, anti-semitas... Há e sempre houve a alterização dos judeus como "tribo" separada; aliás tendência iniciada pelos próprios nos idos da antiguidade, dado que o seu singular monoteísmo os tornaria únicos aos olhos do próprio Deus, que com eles teria estabelecido uma especial aliança...
Freud, que colocou a hipótese de Moisés mais não ser do que um egípcio remanescente do culto de Aton, considerava que a perseguição particularmente empenhada e cruel que desde sempre vitimara o povo judeu se devia, por um lado, ao seu "herético" monoteísmo (que já destruíra o breve culto de Aton...); e por outro, à sua "arrogante" determinação de se considerar o Povo Escolhido de Deus, por mais destratos que sofresse.
Concluía Freud que a segregação a que foram e eram sujeitos, e também a que a si mesmos se sujeitavam enquanto "filhos dilectos do Pai", concorreram para fomentar não só grandes capacidades de sofrimento e resistência, mas também elevados padrões éticos e uma particular dedicação às tarefas do espírito, ou intelectuais.
E que no mundo moderno (dele Freud), a sua capacidade de integração, não já de reconhecimento ou aceitação, constituiria o seu principal desafio.
Que no mundo actual, o nosso, continuem, como no tempo de Freud e Edvard Beneš, a existir tantas associações, e lobbies, e assembleias, judaicos; bem como uma evidente dicotomia, às vezes a roçar o fanatismo clubístico, entre filo e anti semitas; leva-me a pensar que ainda não se ultrapassou a "era das segregações", da alteridade judaica; ainda não se entrou na era da simples integração de que falava Freud, em que não interessa para nada se se é ou não judeu.
Mas como o que não vai faltando nos dias que correm são indivíduos e seitas convencidos de serem únicos e especiais, talvez essa integração acabe por fazer-se por... diluição.
O que é facto insofismável é a extraordinária contribuição dos minoritários e desprezados judeus para o desenvolvimento do melhor que a civilização já conseguiu, e isto a todos os níveis das actividades humanas. Não é preciso ser filo-semita para o reconhecer.
Pena seria se tal legado, que resistiu a tantas agruras e invejas ao longo da História, fosse agora posto em causa por uma fanática e auto-imposta incapacidade de simples integração, como Freud e Beneš decerto diriam.»
Da nossa leitora Zebra. A propósito deste meu postal.

