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Delito de Opinião

O comentário da semana

«A saúde democrática mede-se pela maneira como lida com as minorias»

Pedro Correia, 07.10.25

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«Também eu penso que a questão não é jurídica, mas civilizacional - até porque os conceitos jurídicos socialmente aceites num dado tempo e lugar reflectem, necessariamente, a civilização de que são o principal suporte, regras e normas mais ou menos consuetudinárias que sejam.

Nas sociedades de tipo demo-liberal, et pour cause, debatemo-nos com este género de dificuldades e até contradições, porque uma democracia não é uma tirania da maioria, pelo contrário: a saúde democrática mede-se sobretudo pela maneira como lida com os diferentes, com as minorias, não é verdade?

O que não implica, muito antes pelo contrário, aceitar ideários e comportamentos que ponham em causa os valores civilizacionais do nosso tempo e lugar (que tanto nos custaram a conseguir, alguns ainda em processo de aceitação ou até de regressão...), em nome de uma relatividade absoluta entre valores e civilizações - que levada à prática permitiria tantas situações absurdas, cruéis e degradantes, que as questões de vestuário ou de procissões e romarias seriam as de menor monta.

 

Por outro lado, até parece que nunca existiram portugueses muçulmanos e respectivas senhoras com mais lenço ou menos lenço, mas nada de burkas e porcarias que tais...

Como teremos conseguido conviver com eles até aqui sem quase darmos pelas diferenças?!

O que, na minha óptica, comprova que a actual problematização não reside no facto de serem muçulmanos; mas sim de serem pessoas que, por pretextos religiosos ou não, afrontam os nossos valores humanistas, democráticos e liberais - porque, para começar, não os conhecem, são estranhos em terra estranha; e depois porque se estribam nos nossos próprios valores igualitários, e deles abusam, para nos impor práticas que se nos tornaram ofensivas em termos civilizacionais mas que, para eles, são as melhores e mais justas.

 

Mas acontece que de facto, e a olho nu, se vê que não o são, nem que eles não o saibam ou não o admitam. E quem deste lado teoricamente o defende, não ponderaria por um minuto que fosse viver segundo tais práticas e tais valores.

Dizem que são tão bons como os "nossos", mas que são os "deles" - e não percebem sequer o extremo desprezo implícito na própria ideia...»

 

Da nossa leitora Zebra. A propósito deste texto do José Meireles Graça.

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