O comentário da semana
«O liberalismo pode ser político e/ou económico enquanto o neoliberalismo é apenas económico.
O liberalismo aparece no séc. XVIII como oposição ao mercantilismo. O neoliberalismo aparece na segunda metade do séc. XX como oposição ao Keynesianismo.
Mas a diferença principal é que o neoliberalismo está comprometido com a globalização: livre circulação de capitais estrangeiros, eliminação de pautas ou entraves ao comércio mundial, favorecimento de empresas multinacionais.
Parece-me equilibrado dizer que o actual liberalismo em Portugal tem pouco de neoliberalismo, maioritariamente defende o liberalismo político e nasceu como reacção ao socialismo "grosso modo" entendido como estatismo (50% ou mais da economia nas mãos do Estado).
Simplificadamente (muito) o liberalismo nasce com Adam Smith e tem como referências modernas a escola austríaca (Ludwig v. Mises e Friedrich v. Hayek) enquanto no neoliberalismo a referência é Milton Friedman e a escola de Chicago.
Entendo que se pode ser liberal e não ser neoliberal. O neoliberalismo pode e muitas vezes é perverso. Por exemplo a aposta nas empresas multinacionais sem as defesas do liberalismo político que ignora, pode pôr e está a pôr em causa a própria liberdade.
Veja-se o que está a acontecer com as grandes empresas digitais que sistematicamente violam direitos individuais.
Pior ainda, a pretexto de justas tributações sobre essas empresas, os Estados estão a adquirir mais poder e esse maior poder vai necessariamente reduzir a liberdade individual.»
Do nosso leitor Francisco Almeida. A propósito deste texto do Paulo Sousa.