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Delito de Opinião

O comentário da semana

Pedro Correia, 25.10.20

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Foto: jornal The Guardian

 

«Meu pai faleceu em Julho de 2011. Logo a seguir ao funeral, minha mãe negou-se a estar uns dias comigo antes de regressar à sua casa na Parede.

"Não filho, vou já para casa, a vida continua."

E assim continuou, em casa, com uma senhora uma vez por semana para limpezas e passar a ferro (hoje não se pode dizer mulher-a-dias), tratando da sua alimentação, de lavar a roupa na máquina nova que lhe comprei, tratando portanto da rotina caseira. [Fui] visitando-a em regra uma vez por semana, altura em que vamos ao supermercado, falando-nos ao telefone diariamente. Nos últimos quatro anos passou a ir sozinha ao supermercado: abriu um Continente a cerca de 40 metros de casa, pelo que me dispensou. Literalmente!

Na segunda-feira a seguir à Páscoa de 2019 teve uma crise de arritmia forte, esteve 11 dias no hospital de Cascais, recuperou, e quando a fui buscar para minha casa, logo nessa noite: "Filho, já não consigo estar sozinha em casa, quero ir para o lar onde estava até há poucos dias a minha prima Lana."

E assim está num lar desde 31 de Maio de 2019. Nesse que queria, em Lisboa, e desde 12 de Maio de 2020 num melhor, a poucos metros de minha casa, visitando-a [eu] até há duas semanas na "Box das emoções", onde estamos separados por um vidro.

Completou 95 anos em 8 de Julho passado. Continua felizmente, muito bem de cabeça, com uma lucidez, discernimento e memória extraordinárias. Mas apesar de ser uma senhora muito forte isto vai deixando mossa, devagarinho.»

 

Do nosso leitor António Cabral. A propósito deste texto do JPT.

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