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Delito de Opinião

O comentário da semana

Pedro Correia, 05.10.20

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«E os nomes compostos?

Mora cá em casa um Deutsche Maria, mais conhecido por Dodi. Até há pouco tempo, acompanhado pela Sasha Manuela Cadela, a Sasá (de registo, um Daktari e uma Fontequebrada - afixo dos canis onde os comprei; mas esses nomes só servem para o registo formal).

Primos do Baltasar Sinatra (um peluche gigante que resgatei no meio de uma movimentada estrada - rafeiro alentejano que foi, felizmente para mim, rapidamente adoptado; precedido, no posto, pela Becki Babalou, raça indeterminada e que dificilmente alguma vez será adoptada).

Mas bom, centrando no essencial, a iniciativa de preceder o nome do cão cá de casa por 'Senhor' partiu do meu pai. Suponho que altamente influenciado pelo facto de ter chegado à sala e constatado a presença do surpreendente Sr. Deutsche... no seu sofá. Aquele sofá de canto, vista privilegiada para todo o espaço, que ser vivo senciente algum ousou ocupar. Diz o pai, ainda fumador à data, que se sentiu observado e que se houvesse um balão por cima da cabeça do animal haveria de lá estar qualquer coisa como:"Isso que traz aí nas mãos, o que é? É a minha latinha de salsichas?". Era o cinzeiro. "Não é a minha latinha de salsichas? Então já sabemos o que fazer, não já? Veja lá que a minha humana deixou-as em cima da bancada, nem as arrumou no armário que estava cheia de pressa. É uma latinha por dia, mas se sentir generoso, faço-lhe o obséquio, claro."

A minha tia, quando em plena clínica veterinária ouviu 'Avó do Billy Beane' (não é o jogador, não senhor, é mesmo o buldogue francês pertença do filho mais novo), hesitou. Diz ela que ouvir 'Billy Bean' ajudou muito (primeira vez que a tia se prestou ao papel, e só porque o primo estava fora de Portugal e ligou para a clínica para explicar quem lá ia, e porquê, e encomendar a graçola).

Graçolas à parte, também conheço a tendência clara para usar os graus de parentesco como se os animais fossem filhos das donos.

Cada vez que chego a casa, vinda de casa do meu pai, e sou sujeita à revista do Sr. Deutsche, sinto que há ali um: "Foi a casa do avô, que eu sei! Onde é que está o presunto, hein!?"

Está em curso uma clara antropomorfização dos animais. Parece-me evidente.»

 
Da nossa leitora CAL. A propósito deste meu texto.

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