O comentário da semana
«Então vamos lá a ver a coisa de modo racional e mais prático.
Tudo bem, a economia tem de funcionar, há que deixar viver e trabalhar.
Em que é que o dito "pânico" que se vende contraria a realidade factual de um vírus altamente contagioso cujos efeitos nem estão previstos antes de o apanhar?
Dou apenas uns poucos exemplos que não sei como conseguem equacionar:
1 - Transportes públicos. Há muita gente em crise de sobrevivência para a qual se vai colocar o dilema - arriscar ou não arriscar usar transporte público, não tendo carro nem outra forma de se deslocar para o trabalho.
2 - Que fazer no caso de quem vivia a cuidar de idosos ou a fazer limpezas e pura e simplesmente foi dispensada por real receio de quem precisava e preferiu duas coisas - ser a própria família a tratar dos parentes; serem os próprios a fazerem a limpeza? Neste caso conheço várias pessoas e nem contrato têm. Dou guarida gratuita a uma delas e, eu própria, fui dispensada de um trabalho que fazia para o Estado, a recibos verdes.
3 - Como se pode afirmar que o contágio depende apenas de higiene ou cuidados pessoais e nem vai piorar, se, por exemplo, mesmo com o confinamento, ainda ontem o presidente do BCP informou que nos seus balcões de atendimento ao público (restrito em confinamento) tiveram 24 casos de covid nos seus funcionários? Podia repetir casos de supermercados e por aí fora.
4 - Posso também fazer a pergunta ao que se apresenta como alternativo: as infinitas doenças e tratamentos protelados nos hospitais e centros de saúde.
Pelo simples motivo - o coronavírus continua. Contamina. Contamina muitíssimo em ambiente hospitalar. Tal como sempre contaminaram e mataram as próprias bactérias hospitalares.
Como se imagina que, em deixando de haver confinamento, este perigo real desapareça por efeito de doutrinação (ou pura mentira às pessoas)
Eu vejo o caso como paradoxo e de forma muito pessimista. Não é negando a perigosidade que se vai conseguir vencer o que se está a viver.
Como também não é ficando fechado em casa que se pode sobreviver, excepto se for funcionário público ou reformado.»
Da nossa leitora Zazie. A propósito deste texto da Teresa Ribeiro.