O comentário da semana
«Há cerca de dez anos (talvez) ouvi um "labregote" endinheirado inglês, daqueles que vivem de clichés como "conceitos" e "paradigmas", julgo que ligado ao hotel que funciona em Gaia (Yeatman), dar entrevista à SIC (ou RTP?) dizendo qualquer coisa parecida com isto: o Porto, sendo uma cidade do terceiro mundo, ainda não estava apetrechado com as comodidades normais, mas tinha grande potencialidade turística, dado ter uma arquitectura medieval, que o tornava romântico. Nenhum reparo foi feito pelos jornalistas, ou por quem quer que fosse (presumo que o dito tenha achado - um pouco mais tarde -, que o Porto passou ao segundo mundo quando começaram a nascer como cogumelos hostels, bares e restaurantes com pinta de IKEA).
Achei o mesmo que continuo a achar hoje: merecemos. Passamos anos - as últimas décadas -, a desdenhar de nós mesmos e a prestar vassalagem ao que é de fora. A agirmos como "cachicos" subservientes. A desprezar a história e o antigo. A desprezar a tradição do conhecimento. Não podemos exigir que nos respeitem, se deixamos que um qualquer "piolho em camisa lavada", cujo must de civilização é subir a ao deck do septuagésimo segundo andar da "The Shard" para tirar uma selfie, nos venha dar lições sobre civilização.»
Da nossa leitora Isabel. A propósito deste texto da Maria Dulce Fernandes.