O comentário da semana
«São agora duas formas de falar o português, de tal forma que já não digo 'Português do Basil', digo Brasileiro, referindo-me à língua. Basta conviver com aquela malta (e o meu genro, papai da minha neta, é um desses casos) para perceber que não percebemos metade do que dizem: autonomizaram-se, e a vastidão do seu território (pensemos assim: a região do Pantanal tem sensivelmente o tamanho de Portugal, e é pouco habitada...) ajuda à vastidão do vocabulário, nomeadamente porque a língua reporta para o que nos corcunda, o que fazemos, etc., e temos realidades absolutamente distintas, donde...
Às vezes, falando com o Fellipe, não percebo metade do que diz, mas ele percebe tudo o que digo.
Depois, há que perder, de uma vez por todas, a aura do Portugal colonizador, essa bela porcaria, quando o Brasil é uma miscelânea absoluta: posso pegar no nome do meu genro, por exemplo: origens? portuguesas, africanas, alemãs, italianas, francesas e, motivo de muito orgulho, neto de uma pura Tupi-Guarani (não é à toa que defendo cada vez mais a miscelânea das gentes, que, aliás, produz belos espécimes: a minha neta tem um olhar asiático, a pele clara, um sorriso de desmaiar e, claro, fala incongruências lindas, aos 11 meses, mas seguramente terá o melhor dos mundos - muito mundo - dentro de si).
Ninguém se desviou do tema, que o tema é uma mescla (não será à toa que os brasileiros riem de ventre para cima com a treta do AO-Coiso).»
Da nossa leitora Alexandra G. A propósito deste meu texto.