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Delito de Opinião

O comentário da semana

Pedro Correia, 02.09.18

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«É a própria autora, se bem recordo texto seu ou entrevista sua, quem se coloca razoavelmente à margem do tempo presente e a ele prefere, como referência, esse final do século XIX. Tendo em conta o que foi o século XX português (e não apenas) e o que está a ser o século XXI, pelo menos quanto aos líderes e ao geral e arrogante triunfo da estupidez, do embrutecimento, da venalidade e da superficialidade, essa opção: uma visão oitocentista - sem ignorar as imensas insuficiências e injustiças desse tempo, e sem esquecer o que a evolução tornou básico -, não é necessariamente inferior.

Há evidentemente preconceitos, ideológicos desde logo, que (e será legítimo tê-los) podem barrar liminarmente, resistindo a qualquer argumentação, a aceitação de um autor ou de uma obra. E há a visão portuguesa do antigo - patente por todo o país, nas mentes e no visível - que o toma não como legado, património que enforma também o presente e revela pistas para o futuro, mas como "velho", coisa na melhor hipótese inútil e mero estorvo. E um povo (voluntariamente) sem passado e entregue à bola e pouco mais é coisa que dá imenso jeito.

Há muito século XIX e século XX até essa década de 70 (e até depois), nesse livro? Há, sim senhor. Mas não vem mal ao mundo, creio, em conhecer um pouco mais desses períodos, de gentes desses tempos e da interpretação que deles faça a autora. E concordar e discordar onde isso se nos imponha.

Não será certamente pior do que ignorar, tomando por velharia sem préstimo o que desses tempos nos seja revelado.»

 

Do nosso leitor Costa. A propósito deste meu postal.

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