De Vento a 15.01.2014 às 22:47
E também regressam com o vento. Meu caro Alexandre, se possuirmos uma empresa onde um sector aparentemente deficitário gera negócios e bem estar no todo desta empresa diz a regra do bom-senso que a "performance" geral subsidia o sector deficitário e que a roda mantém-se em movimento. É bem certo que todos sabemos que a roda anda por toda a parte, e que o eixo, sendo essencial, a acompanha.
Não passará pela cabeça de alguém que pelo facto do eixo não executar as mesmas tarefas da roda este seja quebrado.
Exemplo: Algures um conhecido empresário possuía uma empresa de venda de automóveis e, integrado nesta empresa, um sector de peças e outro de manutenção (oficina). No sector de venda de viaturas ele sacrificava margens e até mesmo o lucro, mas as perdas neste departamento eram compensadas pela venda de peças e da manutenção (oficina) prestada no futuro. Com esta filosofia empresarial, ele não só mantinha uma excelente "performance" comercial e financeira como mantinha também os empregos (vendedores, administrativos, mecânicos, gestores, contabilistas etc.) e gerava também riqueza a todos os outros seus fornecedores.
Se tivermos em conta uma outra empresa que invista em I & D para introduzir seus produtos e serviços no mercado concluiremos que um sector aparentemente deficitário (disse deficitário e não dispensável) gera enormes receitas e bem-estar.
É o que acontece com a manutenção de um sistema público de ensino, onde a manutenção de professores e a subsidiação de alunos são absolutamente indispensáveis para uma boa performance social e económica, sem esquecer que a existência deste sector gera outras tantas receitas e postos de trabalho a todos os fornecedores e/ou prestadores de serviços neste sector.
Poderia, certamente, apresentar-lhe outras equações em torno da saúde e dos transportes, mas não quero com mais exemplos ferir a sua inteligência e capacidade de discernimento.
Restando-me somente perguntar-lhe se já equacionou alguma vez a rentabilidade e produtividade gerada por sectores aparentemente deficitários (????).
Sobre os pensionistas, devo dizer-lhe que as fórmulas e argumentos que vão apresentando em torno desta questão são fudamentalmente erradas e intelectualmente pouco sérias. Razão pela qual mantenho as afirmações que produzi. E provo-as, afirmando que mesmo com dívida pública a sustentar esta é paga por todos quantos a suportam, e as gerações presentes, durante o período em que não contribuiam para o estado e para o rendimento de suas famílias, eram suportados por todos estes (solidariedade inter-geracional).
Mas eu sei onde está a dívida desnecessária: 16 mil milhões em PPP´s, 26 mil milhões em títulos de dívida adquirida internamente pela banca (sem contar com os externos, e que é uma forma de subsidiação de sectores que caminhavam para o precípicio - leia com a atenção aqui: http://expresso.sapo.pt/mecanismo-de-reestruturacao-de-divida-e-prioridade=f850269 ), um serviço de saúde privado sustentado por funcionários públicos (incluindo os pensionistas e/ou reformados) onde incluo todos os que prestam um serviço público (incluindo militares), com desvio de receitas e recursos útil para o sector público de saúde, a perda de receitas pela alienação de empresas públicas rentáveis (e hoje muitos andam de olho na CP Cargo, outra empresa pública) etc. etc. etc.
Em suma, caro Alexandre, a dívida que hoje possuímos deve-se fundamentalmente a um desequílibrio social e económico com balança favorável a grupos privados e não às populações.
E se eu tivesse em conta o disparate da afirmação de Passos Coelho e de outros homólogos por esta Europa, eu entenderia que a "democratização da economia" passaria por readquirir o tal EIXO que acima escrevi e que foi entregue, juntamente com a RODA, a quem de empreendedor só tem aquilo que lhe é dado com sacrifício de muitos, e nada conseguido.
Os pensionistas e reformados, públicos e privados, sustentam o que devia ser o estado social, aquele que socializa ganhos e perdas e não o que hoje socializa perdas e privatiza lucros.
Por último, meu caro Alexandre, creio que ainda não se deu conta do fumo que anda pelo mundo. Se acredita, peça a Deus que nos ajude a não ver e a evitar o fogo que muitos desejam, aproveitando-se do descontentamento que semeiam.
De Alexandre Carvalho da Silveira a 16.01.2014 às 16:09
Quando o caro Vento fala de solidariedade inter-geracional para que os reformados actuais recebam as reformas que recebem, está a reconhecer que eles, principalmente os reformados da função publica, não fizeram ao longo das suas vidas contributivas descontos que as justifiquem. Nesse caso, o critério dos ultimos vencimentos como cálculo das pensões a receber não tem razão de ser, e essas pensões teriam de ser uniformizadas, como a segurança social faz com os reformados que nunca descontaram, ou descontaram muito pouco. Não se pode é ter sol na eira e chuva no nabal, e Portugal deve ser o único país da Europa, onde (alguns) se defende a solidariedade inter-geracional para efeitos de pagamento de reformas.
O resto do que escreveu são as suas opiniões e estados de espírito, que eu nunca me atreveria a contraditar.
De Vento a 16.01.2014 às 20:17
Também é correcto o que afirma, e não vamos abrir a caixa agora nesta matéria (que tem várias causas). Mas o aspecto substantivo da questão reside no facto de quer através do estado quer através de recursos próprios essas gerações foram sustentadas, e ainda são, por estas pessoas. Com ou sem dívida, a mesma tem vindo a ser paga por todos, e muitos, mas muitos mesmos, não se sentem responsável por ela.
É sabido que no nosso ordenamento jurídico as heranças tanto podem ser boas quanto más, e ninguém as pode recusar. As dos nossos pais foram as que foram, mas somos nós que as suportamos para o bem e para o mal.
Tudo o que gira em torno desta questão é falso. Uma coisa é melhorar e outra é desmantelar. E andarem a armar aos justiceiros esquecendo a justiça é uma atitude parola. E mais parola é quando se olha somente para a árvore julgando que ela é a floresta.
Por outro lado, em nenhuma parte do mundo eu vejo o que se faz em Portugal, isto é, surgir uma geração convencida que se pode sobrepôr a tudo e a todos.
As gerações anterirores também enfrentaram guerras e mortes sem as criar, e nunca vi ninguém culpar os pais por estes factos.
Meu caro Alexandre, permita-me que lhe diga que o mundo não é para "meninas". E andam por aí muitas e muito chorosas a armar à valentia.