O «canibalismo cultural» e os neo-racistas
Andamos a copiar o pior dos norte-americanos em quase tudo. Já cá chegou uma coisa a que chamam «apropriação cultural», importada de lá. Como ficou patente nas disparatadas mas duríssimas críticas feitas a uma actriz portuguesa alegadamente «não negra» por se ter atrevido a fazer um penteado que deve ser exclusivo de «pessoas negras» como marca «identitária».
Reivindicar a perpetuação de estereótipos associados em exclusivo a determinados segmentos éticos é uma forma repugnante de neo-racismo, acolhida com simpatia por intelectuais da ocidental praia. «Uma cultura, historicamente suprimida e minorizada, tem seus elementos roubados e seus sentidos apagados pela cultura que sempre a dominou», perora uma dessas sumidades, em português macarrónico. Dando putativa caução académica a quem combate a suposta «canibalização cultural».
Uma alegada «não negra» com rastas pratica, portanto, «canibalismo cultural». A Portugal estas coisas chegam sempre com algum atraso: há dois anos, uma ex-ministra sueca foi acusada disso pela turba ululante que fala em cultura sem fazer a menor ideia do significado de tal palavra.
É caso para perguntar se este fluxo neo-racista funciona nos dois sentidos. Gerando também brados de indignação contra «pessoas negras» que usem madeixas loiras. Como o senhor que surge nesta fotografia só a título de exemplo.