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Delito de Opinião

O boletim de voto das presidenciais

jpt, 02.01.21

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Passaram 45 anos desde as primeiras eleições presidenciais nesta 2ª República - ou 3ª, que a quantificação varia consoante o "lugar" ideológico do locutor. Presume-se que os processos administrativos estejam devidamente instituídos, que a "máquina" eleitoral esteja calibrada. Sendo que antes, no Estado Novo, também havia eleições - e burocraticamente buriladas, dado que os cadernos de votantes eram muito escrutinados, peneirados por assim dizer, o que exigia sábia competência.

Ora é esta administração pública que se permite - após todas estas décadas - organizar umas eleições para a Presidência da República em que o boletim de voto terá candidato(s) fantasma(s): pois se o processo de candidatura de Ventura tem um pequeno lapso, facilmente resolúvel, já o de Mayan Gonçalves chegou pejado de erros, o que o macula - e muito, ainda para mais numa candidatura sob ideário liberal, de responsabilidade individual e colectiva. Mas o que é incrível, em termos políticos e administrativos, será a  presença no boletim de um cidadão, nada patusco pois de facto apatetado, que apresentou uma candidatura com apenas 6 assinaturas válidas. 

Isto é inaceitável. Argumenta a Comissão Nacional para as Eleições que não seria materialmente possível esperar pela aceitação definitiva das candidaturas para mandar imprimir os boletins de voto. Acredito que assim seja. Mas isso significa que os prazos foram mal delineados. 46 anos depois das primeiras eleições parlamentares, 45 após as primeiras presidenciais e de inúmeras eleições autárquicas, legislativas, europeias, presidenciais. E o Estado é incapaz de planificar de modo condigno as etapas necessárias para cumprir umas eleições presidenciais. Isto é de bradar aos céus. Um sinal escandaloso da lassidão modorrenta e incompetente da administração pública, do estado do Estado. E o que é doloroso, quase incrível se - de facto, - não fosse o habitual, é que diante de um escândalo destes nenhum alto responsável assume responsabilidades, nenhuma cadeira cai, nenhuma "cabeça" rola. Nem as pessoas se ofendem.

Nem mesmo aquelas que tanto clamam os "valores d'Abril", que não vão "mascaradas ao 25 de Abril", se indignam com este escandaloso trato de polé a uma instituição fundamental da democracia. Que indignidade. E que indignos, na sua subserviência.

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